Carta a Marcelino

Pe. Augustin Revol

1839-12-09

O Pe. Revol responde à carta do Pe. Champagnat, do mês de maio, que pedia mais prazo para enviar os Irmãos a Bougé-Chambalud (Lettres, doc. 253). Mantém tom de confiança no seu escrito, acreditando sempre que poderá inaugurar a escola dos Irmãos ainda naquele ano. Da mesma forma como o fizera na sua carta anterior (Carta nº 188), também aqui ele apresenta somas e cálculos para provar que a paróquia e o município têm os fundos necessários para arcar com os gastos da escola. O terreno e a casa para a escola, com parte do mobiliário, eram dom de mademoiselle Esther, benfeitora que havia falecido alguns meses antes. Havia também a esperança de que o Conselho municipal aprovasse o estabelecimento como escola municipal, garantindo com isso o salário dos Irmãos.

Bougé, 9 de dezembro de 1839.

Senhor Superior:

Os Irmãos que tivestes a bondade de me reservar são esperados com impaciência. Os meninos da comuna estão sem escola e várias comunas vizinhas aguardam a próxima chegada deles. Não pude escrever-vos antes, como havia prometido ao Irmão que houvestes por bem enviar-me.

A casa está pronta para ser habitada. Fiz executar as pequenas mudanças que o Irmão me prescreveu, mas a morte da fundadora me tinha colocado em grandes embaraços. Os herdeiros não consentiram em me dar os 800 francos de fundação que ela me havia prometido, e o Conselho municipal votou o montante de 400 francos para ser recebido na chegada dos Irmãos e 400 francos para o próximo ano: creditaram-me 240 francos para o primeiro trimestre; assim a comuna tem em reserva 640 francos. É tudo o que puderam fazer até aqui. O prefeito e eu nos comprometemos convosco por mais 400 francos, que satisfaremos em um ano. Espero que nos concedereis de bom grado o prazo.

Enviamos a Paris a documentação necessária para solicitar a aceitação da casa e dos dezesseis mil francos que estão afetos a isto. O testamento traz que a renda dessa soma será destinada ao pagamento dos Irmãos, ficando a cargo do Conselho comunal votar anualmente o que faltar para completar o pagamento. O Conselho municipal se comprometeu também. Tudo está assegurado para o futuro. Falta a mobília. Os herdeiros dão mil francos para isto, mas ainda não comprei nada; entretanto, como informei ao bom Irmão, antes da chegada deles, poderia efetuar a compra dos objetos mais necessários, e os Irmãos completarão o faltante. Eu me prestarei tanto quanto puder ao atendimento de todas as necessidades. Por ora não terão horta cultivada e provida, mas a minha ficará ao seu dispor, no aguardo de que possam cultivar a deles, que será mais vasta do que a minha, e providenciarei para que nada lhes falte. Podeis contar com isto.

Para maior segurança de ambas as partes, senhor superior, desejo que eles cheguem logo após o Natal, de 28 a primeiro de janeiro, para que possam começar a escola no início do ano. Estou mandando fazer, neste momento, as mesas e os bancos da escola. Muito vos agradeço, senhor, a presteza com que vos pusestes a responder aos meus desejos e haverdes escolhido dois Irmãos que, pelo que me anunciou o bom Irmão visitador, são excelentes pessoas; um deles, sobretudo, pela sua capacidade, pode satisfazer às exigências de numerosos pais; estes, ainda que no campo, querem sempre algo de bom, particularmente no concernente à escrita. Posso assegurar-vos, pelo que sei, que eles ficarão contentes e que estarei sempre disposto a favorecer tudo o que os seus deveres lhes impuserem. Envio-vos quem vos faça aceitar, de viva voz, mais amplos agradecimentos e espero que este estabelecimento me forneça a oportunidade de vos ver aqui.

Para a chegada dos bons Irmãos, penso que farão bem em tomar a estrada de ferro de Givors; em Givors eles encontrarão viaturas para Vienne, daí para Péage e de Péage eles terão uma viatura às quatro e meia da tarde para chegar até a minha porta. Pelo menos terão facilidade para transportar as suas poucas malas.

O subchefe departamental escreveu duas vezes ao prefeito para comprometê-lo a fazer votar no Conselho a nomeação de um dos Irmãos como professor comunal; acreditava que tinham chegado e se mostra muito disposto a nos favorecer. Eu estava sem os nomes deles; não pudemos satisfazer esta formalidade, que seria conveniente tomar antecipadamente, por causa do pagamento comunal. Tão logo recebais a minha carta, por favor, mandai-me nome, prenomes e naturalidade do Irmão que enviareis, e que seja o mais instruído. O Conselho se reunirá proximamente para este fim e tudo será feito na sua chegada.

Peço-vos, senhor, aceitar a certeza do meu respeitoso afeto. O vosso mui dedicado servidor, REVOL, padre.

Edição: S. Marcelino Champagnat: Cartas recebidas. Ivo Strobino e Virgílio Balestro (org.) Ed. Champagnat, 2002

fonte: AFM 129.73

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