Trata-se da resposta que dá o Pe. Colin a duas cartas sucessivas do Pe. Champagnat. As cartas que o Fundador dirigiu ao Pe. Colin não se conservaram. Com base em outros documentos, pode-se afirmar que a primeira das duas cartas aludidas comunicava a disposição em que estava o Pe. Champagnat de oferecer ao ramo dos Padres Maristas o terreno da Grange-Payre, vasta propriedade nos arredores de Saint-Chamond, que o Fundador tinha recebido como doação da sra. Marie Fournas, em 1833. O Pe. Champagnat propõe ao Pe. Colin que o grupo dos Padres Maristas da diocese de Lião, que tem a sua casa central em Valbenoîte, seja transferido para a Grange-Payre, sob a direção de novo superior, o Pe. Pierre Colin.

Belley, 4 de setembro de 1834.

Meu caríssimo confrade:

Todas as cartas que recebo de vós são caras e agradáveis, mas nenhuma recebi que me desse tanta alegria como a penúltima, na qual me comunicais o que escrevestes ao Pe. Cholleton. Vejo nisto o vosso desinteresse e a vossa dedicação à Sociedade de Maria. Estamos de todo persuadidos de que não poderemos trabalhar com eficácia para a glória de Deus senão na proporção em que vivemos da fé, pois devemos esperar mais dele do que dos homens. Procurai despertar esse espírito de fé e de abandono à Providência, entre os nossos confrades de Lião. Como estamos ainda longe, todos nós, das disposições dos primeiros jesuítas, dos primeiros franciscanos etc. Considera-se demasiado a criatura e não bastante o Criador.

Tão logo o Pe. Cholleton responda à vossa carta, por fineza comunicai-me, porquanto o meu irmão não partirá para Valbenoîte antes que conheçamos a decisão do Conselho sobre esse negócio. Fazei que os nossos caros confrades de Valbenoîte aceitem esse retardamento.

Continuo com a intenção de mandar-vos dois dos nossos Irmãos, a fim de que façam o noviciado convosco e que recebam o santo hábito na vossa casa. Conheceis a intenção que tenho, há tempo, relativa aos Irmãos: penso que os Irmãos Maristas e os Irmãos de S. José devem fazer um só grupo. Não julgava que fizésseis tão cedo o retiro; pensava que se realizaria somente em outubro. Deus seja bendito. Eles partirão provavelmente em outubro com o meu irmão. É necessário que me prepareis um bom Irmão para a cozinha. Conto com isto.

Ontem recebi três breves do Sumo Pontífice para a ereção da confraria da ordem terceira da Sociedade. Preciosas indulgências são outorgadas. O recebimento desses breves encheu-nos de alegria e de confiança em Deus. Espero que logo receberemos outro breve acerca da Sociedade em geral. Continuemos a rezar. O príncipe Hohenlhoe fará orações por nós de 27 de setembro a 4 de outubro. Tende a fineza de prevenir a todos os confrades para que façam novena de orações durante tais dias.

Esperamos incorporar vários candidatos neste ano; um deles já está conosco. Tenho ardente desejo de que a casa de Lião cresça em número. Testemunhai a todos os vossos bons Irmãos quanto gostaria de vê-los reunidos; abraço-os e a vós.

Tenho a honra de ser, com a mais sincera afeição, o vosso muito humilde e muito obediente servidor, COLIN, mais novo.

P.S. Sem demora, tornarei a escrever-vos.

Edição: S. Marcelino Champagnat: Cartas recebidas. Ivo Strobino e Virgílio Balestro (org.) Ed. Champagnat, 2002

fonte: AFM 122.11