Carta a Marcelino

Pe. Jean-Claude Colin

1837-08-09

Do ponto de vista administrativo e financeiro, a maioria das escolas assumidas pelo Pe. Champagnat eram municipais, embora quase sempre a iniciativa partisse do pároco. Procurava-se chegar a um consenso com o Conselho Municipal para a construção ou aluguel da casa que serviria de escola e para o pagamento dos Irmãos, considerados ?instituteurs?, denominação inicial, que depois evoluiu para ?professeur d?école?, semelhante ao nosso mestre-escola. A escola era gratuita. Os Irmãos cobravam apenas os serviços extras e o pensionato. No caso de uma escola própria, de propriedade do Instituto, como seriam as coisas? Parece ter sido esta a consulta feita pelo Pe. Champagnat, à qual o Pe. Colin responde com o texto desta carta. Ele não sabe o que dizer a respeito. Uma curiosidade nesta carta é a proibição por um período de três meses, que o Pe. Colin dá ao Fundador, para construções, reformas e novas escolas. Deveria ocupar-se apenas com a formação dos Irmãos, com o registro e a documentação das obras.

Lião, 9 de agosto de 1837.

Caríssimo confrade:

Estou atrasado em responder à vossa carta; mas, além de estar muito atarefado, não sei muito bem que dizer sobre a aquisição de que me falais. O ramo dos Irmãos ainda não tem bases consolidadas sobre as quais se possa tomar decisão. Os estabelecimentos particulares dos Irmãos terão fundos ou rendas fixas, pertencentes à Sociedade ou a cada estabelecimento? Ou terão apenas os vencimentos fornecidos pelas paróquias com a pensão mensal dos alunos?

Eis outros tantos pontos importantes que cumpre definir. Então, será fácil responder à questão proposta. Em todo o caso, rezemos com fervor. Quiçá negligenciamos demasiado esse único meio que temos para conhecer a vontade de Deus e ter sucesso nas nossas empresas.

Sinto-me inclinado a aconselhar-vos que suspendais por três meses qualquer tipo de projeto, a fim de que vos ocupeis unicamente na boa formação e encaminhamento da vossa Casa Mãe e dos vossos estabelecimentos particulares. Regrai tão bem os vossos negócios que, se devêsseis morrer dentro de três meses, tudo ficasse em perfeita forma.

Creio que ainda não chegou a hora de que se ponham os pontos nos is quanto aos estabelecimentos dos padres. Não oferecemos ainda suficiente segurança e haveríamos de inspirar desconfiança. O Pe. Chomel, vigário de Tarentaise, solicita entrada na Sociedade. Por favor, examinai-lhe a vocação e dizei-nos o que pensais. Falei ontem com o Pe. Paullier acerca dos Irmãos para Fourvière; aceitá-los-á com o seu hábito; pede apenas dois; mas adiamos a decisão para o mês de setembro; nesse prazo, examinaremos o caso diante de Deus.

Desejaria saber se podemos realizar o nosso retiro no dia 11 de setembro, isto é, começá-lo naquele dia.

Não tenho tempo de reler a minha carta. Retorno a Belley. O vosso muito humilde irmão, COLIN, superior.

Edição: S. Marcelino Champagnat: Cartas recebidas. Ivo Strobino e Virgílio Balestro (org.) Ed. Champagnat, 2002

fonte: AFM 122.20

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