Carta de Marcelino – 042

Marcellin Champagnat

1834

O Irmão Cassien (Louis Chomat) e o Irmão Arsênio (Césaire Fayol), antes mesmo de se fazerem Maristas dirigiam uma escola, em Sorbiers. Ao se fazerem religiosos, a escola continuou sob a direção deles, com mais dois Irmãos que lhes deu Champagnat, como auxiliares.
O Irmão Cassien entrou em crise, vendo que os dois não eram tão fervorosos como ele imaginava, sendo Maristas. Foi o que motivou a carta do Padre Champagnat, tão repassada de equilíbrio e de compreensão pelas fraquezas humanas. (cf. Em Cada Vida uma Mensagem, p. 163)

Ao Irmão Cassien,
Que Jesus e Maria sejam seus guias e mestres em tudo!
Meu caro Irmão Cassien, não consigo esconder a dor que me causa seu modo de ver as coisas e não sei por que você está assim.
Meu caro amigo, tenho consciência de não estar em falta com você, de nenhum modo. Tomei na devida consideração as reclamações que você julgou conveniente fazer. De maneira nenhuma pensei eu fazer pouco caso de você, ao mandar-lhe os dois Irmãos que destinamos para sua comunidade. Você estava contente com a escolha.
Quem se intrometeu para alterar esta paz? Quando o Irmão Denis o molestou com suas importunações, não estive lá de imediato para tratar da transferência dele? E quando você ponderou que preferia deixá-lo ficar, não aceitei seu parecer, embora tivéssemos decidido o contrário?
Então meu caro Irmão, quais são afinal as razões que continuam a indispô-lo? Se os membros da Sociedade de Maria são para você por demais imperfeitos para lhe servirem de modelo, dirija, meu caro Cassien, dirija seus olhares para Aquela que pode servir de modelo para perfeitos e imperfeitos e que a todos tem amor: ama os perfeitos porque reproduzem as virtudes de seu divino Filho e arrastam os demais para o bem, sobretudo numa comunidade. Ama também os imperfeitos, porque foi sobretudo em benefício deles que Ela, Maria, foi elevada à dignidade de Mãe de Deus!
Por que, meu caro Irmão, voltar a buscar conselhos no Egito? Será que Maria não possui tudo para nos pôr a salvo? Para que mais tarde eu não fique com remorso de não falar claro, digo-lhe já, meu caro amigo, e o faço apoiado nas palavras do profeta, que a ajuda do Egito não passará de um caniço frágil, que ao se quebrar irá machucar suas mãos. Não tenho medo de predizer-lhe tal infortúnio, em nome de Jesus e de Maria.
Se você não tiver em muita conta meu parecer, consulte pessoalmente o Superior da Sociedade de Maria, que acaba de chegar de Roma, ou consulte o senhor Arcebispo ou o Padre Cholleton.
Afinal, meu caro Cassien, não faça nada precipitadamente…

Edição: Marcelino Champagnat. Cartas - SIMAR, São Paulo, 1997

fonte: Daprès la minute, AFM 132.1, pp. 30-31, éditée dans AA 125

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