Carta de Marcelino – 067

Marcellin Champagnat

1836-08-28

O Padre Champagnat começa dando notícia da chegada em Paris, sem maiores transtornos. Logo a seguir faz algumas recomendações.
A viagem foi feita de diligência. Com o Padre Champagnat iam Dom Pompallier e o Padre Chanut, todos com a firme esperança de finalmente voltarem com o Decreto, devidamente assinado pelo Rei, concedendo autorização legal à Congregação. Levavam até uma carta de recomendação de Dom Gaston ao Ministro da Instrução Pública, Exmo. senhor Pelet de la Lozère. Na carta, Dom Gaston enaltece os serviços que os Irmãos, como educadores, vêm prestando à sociedade e faz notar que os estatutos que os regem foram aprovados pelo Conselho Real da Instrução Pública, em 28 de fevereiro de 1834. Tudo certinho!...
Mas, ó decepção! O Ministério comandado por Thiers tinha caído e o novo ministério só tomaria posse em 6 de setembro. Pior ainda, Pelet seria substituído por Guizot, na pasta da Instrução Pública.
Mais uma vez, baldados esforços. Outros três dias de marcha no mesmo caminho de volta para lHermitage.

V.J.M.J.
Paris, 28 de agosto de 1836, Seminário das Missões estrangeiras, Rue du Bac nº 120
Caríssimo Irmão,
Depois de viajar três dias e três noites, chegamos a Paris, com saúde e decididos a tentar tudo para conseguir cada qual o seu objetivo.
Fizemos a viagem sem sentir, como receava, as dores que me atacam de ordinário. Graças sejam dadas a Jesus e a Maria!
Estamos hospedados no Seminário das Missões Estrangeiras. O digno Superior da casa nos recebeu com uma bondade admirável. Nós nos acomodamos, uns ao lado dos outros.
Quanta necessidade sentimos das orações de toda a casa! Estou com muito medo de não conseguir nada. Trocaram o ministério. Será que o que entrou agora se mostrará favorável a nós? Não sei.
Dom Pompallier aguarda uma entrevista com o Rei e a Rainha. Se ele puder, falará ao Rei sobre o assunto que nos interessa.
Não se preocupe comigo, estou muito bem. Acho o povo de Paris muito educado. Ninguém nos xingou. Assim que eu tiver feito alguma tentativa, escrever-lhe-ei para mantê-lo a par de tudo. Recomendo-lhe que cuide para que tudo transcorra em ordem. Diga aos Padres Servant, Matricon e Besson que conto especialmente com o Santo Sacrifício que celebram e com o empenho deles para o bom andamento da casa. Peça o parecer deles e dos Irmãos Jean Marie e Irmão Stanislas para as questões melindrosas.
É preciso acelerar o mais que puder a construção da Capela, não desperdice nada. Entenda-se bem com os Padres Matricon e Besson e com os Irmãos Jean-Marie e Stanislas. Peço-lhe encarecidamente que não deixe ninguém à toa. Prepare tudo para as férias. Não posso ainda precisar quando voltarei. Tenho a impressão que me sentiria bem, deixando-me ficar por aqui; tudo parece tão tranqüilo!
Segue meu endereço caso você precise escrever-me.
Reafirmo a todos a minha terna afeição, queridos Irmãos, com a qual tenho a honra de ser vosso dedicado e afetuoso pai em Jesus e Maria,
Champagnat, sup. d. I. M.
Paris, Seminário das Missões Estrangeiras,
Rue du Bac, n.º 120

Edição: Marcelino Champagnat. Cartas - SIMAR, São Paulo, 1997

fonte: Daprès lexpédition autographe, AFM, 111.18; éditée dans CGS, I, p. 209

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