Carta de Marcelino – 337

Marcellin Champagnat

1840-05-03

O Padre Champagnat já está muito doente, de modo que esta carta, inspirada em seu modo de pensar, não é de sua autoria. Terá sido escrita por um de seus secretários. Nela são muito detalhadamente explicadas as condições em que são fundadas as escolas. No caso desta, os fundadores podem contar com os Irmãos no começo de novembro de 1840, se as condições de subsistência dos Irmãos estiverem garantidas. A carta faz muito claramente apelo à experiência de outras escolas já em andamento: quando garantidas as fontes de pagamento e totalmente gratuitos os alunos, os problemas são menores. Porém, em se tratando de subvenções das autoridades e de pagamento de alunos, quer dos internos, quer dos provenientes de outros municípios, é preciso que tudo seja de antemão previsto e ordenado.
O Padre Xavier Mège não desanimou com a complexidade dos problemas que lhe eram apontados. Em 22 de julho de 1851 voltou a pedir três Irmãos para o final do ano. Mas, somente o segundo sucessor dele conseguiu Irmãos, 35 anos mais tarde, em 1875.

Senhor Pároco,
Eu estaria realmente disposto a aceitar o seu pedido, se sua escola tivesse um lastro e fosse gratuita. Não hesitamos nunca quando se trata de tais escolas, porque aí é mais fácil e garantido fazer o bem. Foi assim que, por haver fundação, aceitamos o pedido que nos fez o município de Bougé-Chambalud, embora fosse bem posterior a outros. Pode então contar com o envio de nossos Irmãos na próxima Festa de Todos os Santos, no caso de sua escola ser gratuita, ser paga por uma fundação ou por um contrato municipal. Se o senhor se achar na contingência de contar só com as contribuições mensais e a subvenção municipal de 200 francos, nós vamos ficar muito contrariados, visto que as localidades que nos oferecem uma escola gratuita esgotarão, e de muito, nossas reservas em pessoal capacitado. Haveremos certamente de fazer o que depender de nós, mas não podemos garantir, pelo menos para a próxima Festa de Todos os Santos.
Por favor, comunique-nos quais os recursos disponíveis se não for possível sua escola ser completamente gratuita. Saberemos assim, pelo menos, qual a base de manutenção do estabelecimento e poderemos dar uma resposta de acordo.
A experiência nos ensinou que não podemos começar um estabelecimento senão quando tudo estiver pronto e a subsistência dos Irmãos garantida, seja qual for a modalidade. Um edifício já é alguma coisa, mas não é tudo. Se fosse só esta a condição, teríamos de imediato cem municípios a contentar, já, e que pediram até antes de Morestel. Desejo que prossiga na luta em prol desta boa obra, apesar das dificuldades que possa encontrar. Será até mais sólida por se ter constituído devagar e penosamente.
Com profundo respeito etc.
Champagnat

Edição: Marcelino Champagnat. Cartas - SIMAR, São Paulo, 1997

fonte: Daprès la minute, AFM, RCLA 1, p. 186, nº 232

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