O Padre Champagnat em Fátima

História Marista

20 de maio de 1967

Por ocasião da sua ida a Roma, para o encontro dos superiores provinciais, em maio de 1965, o Irmão Miguel Pereira da Silva apresentou ao Conselho Geral o projeto da ereção da estátua do Beato Fundador no alto da colunata de Fátima, no âmbito das comemorações sesquicentenárias da fundação do instituto, a celebrar em 1967.

A ideia foi acolhida com entusiasmo e, ali mesmo, as Províncias do Brasil e da Espanha comprometeram-se a auxiliar financeiramente a empresa do Distrito de Portugal.

No dia 20 de Maio de 1967, promoveu-se grande concentração da Família Marista em Fátima, para a bênção e inauguração da estátua, ao lado de outros grandes servos de Nossa Senhora, fundadores de Institutos religiosos.

Estavam presentes a totalidade dos Irmãos da Metrópole; o Rev. Irmão Roque Maria, A.G. em representação do Rev. Irmão Charles Rafael, Superior Geral; honraram-nos com a sua presença o Sr. Dr. Olímpio Duarte Alves, governador civil de Leiria, e representantes do governador civil de Santarém e do Sr. Cardeal Patriarca. Presentes ainda, o presidente da câmara Municipal de Leiria, o Sr. Cônsul da França em representação do Sr. Embaixador; o Sr. José Carlos Ferreira, diretor geral do Trabalho e o arquiteto José Vieira Gaspar. Compareceram 17 superiores provinciais de Institutos religiosos, por si ou seus representantes, como o Provincial de Leão, de Bética, de Madrid, de são Paulo, de Porto Alegre, do Brasil

-Norte, o provincial dos Irmãos de S. João de Deus, o Provincial dos Jesuítas, o Abade de Singeverga, o Provincial dos Dominicanos, etc. Assinalamos também o Sr. Pe. Cabeçadas, presidente da Assembleia Geral do Grémio Nacional dos Proprietários de Estabelecimentos de Ensino e o Sr. António Miguéns, diretor técnico. Gostosamente assinalamos também a presença amiga dos Srs. Drs. Mário F. Fernandes e Bento Coelho da Rocha, presidente e vice-presidente da Associação de Pais e Mestres do Externato Marista de Lisboa, assim corno quase todos os membros da direção e muitas famílias de alunos e pessoas amigas.

Do Porto, assinalamos a presença do Sr. Dr. Renato Cantista, Diretor da Zona Hospitalar do Norte e do Sr. Abade da Igreja de Lordelo.

Convidado especial, o Irmão Désiré Alphonse, veio do Rio Grande do Sul e a sua presença constituiu para todos os Irmãos grande alegria. A Provincia Marista Portuguesa, aos pés da Virgem de Fátima, agradeceu o

desenvolvimento extraordinário verificado nos seus 20 anos e acarinhou o Superior de antanho que tanto trabalhou pela implantação da Congregação Marista, na terra abençoada de Santa Maria, graças à proteção divina e à abnegação dos primeiros obreiros, bem como à generosidade e simpatia de cooperadores e amigos da primeira hora, dentre os quais salientamos, com imensa gratidão o Sr. Dr. Leonel Ribeiro, o Sr. Dr. José Soares da Fonseca e o Sr. Amicar Cruz.

A solenidade constou de quatro partes distintas

Benção da Estátua por Sua Excia. D. Domingos de Pinho Brandão, bispo auxiliar de Leiria, perante toda a família marista concentrada frente à estátua, do lado da capelinha das aparições. Usaram da palavra: António Ferreira, aluno do 79 ano do Externato Marista de Lisboa que agradeceu e se congratulou pela obra de educação possibilitada pela obra idealizada e concretizada pelo Padre Champagnat.

O Sr. Dr. José Carlos Ferreira, falou em nome dos Pais dos alunos. Referiu-se à pedagogia marista externou a sua admiração pela obra dos Irmãos Maristas em Portugal e no Mundo inteiro.

O Rev. Irmão Roque Maria mostrou a tríplice mensagem que o Beato Padre Champagnat trouxe .ao mundo: amor de Jesus, amor de Maria, amor da infância e da juventude.

Seguiu-se a missa na Basílica, celebrada por D. Domingos de Pinho Brandão, acolitado pelo Padre José Carvalhais, provincial dos Jesuítas.

À homilia o Sr. Bispo enalteceu a memória do Beato Marcelino Champagnat e congratulou-se com os presentes e com a Congregação, pela feliz ideia da ereção da sua estátua, no Santuário Mariano por excelência, ele que foi durante toda a vida um grande devoto da Mãe de Deus, e fundou uma congregação que leva o nome de Maria, a cujos membros legou por divisa: Tudo a Jesus por Maria e tudo a Maria para Jesus.

A Oração Comum dos Fiéis, ecuménica e litúrgica, foi feita pelo Irmão Gabriel que veio da Beira, onde dirige o Instituto Liceal D. Gonçalo da Silveira.

À Oferta das Oblatas, ao meio do altar, o celebrante recebeu o cibório, das mãos do Irmão Gabriel; o cálice, das mãos do Sr. Artur Cortez Vaz, pai de um aluno interno do Colégio de Carcavelos; as galhetas, das mãos do aluno do Externato do Porto, Luís Manuel Dias Borges Cabral.

Depois da Missa que terminou às 13,30 horas, foi servido um almoço de confraternização, no convento das Religiosas Dominicanas, para as autoridades e amigos convidados.

Em breve discurso, o Irmão Gabriel rememorou os começos difíceis da obra… enalteceu a ação dinamizadora do Irmão Désiré Alphonse – o grande obreiro das obras maristas em Portugal Continental e Ultramarino – e agradeceu ao Sr. ·Dr. Leonel Ribeiro, ao Sr. Amílcar Cruz e ao Sr. Dr. José Soares da Fonseca, a valiosa ajuda e o carinho com que envolveram a obra nascente.

O Sr. Dr. Bento Coelho da Rocha falou em nome da Associação de Pais e Mestres do Externato Marista de Lisboa e de todas as famílias dos alunos. Agradeceu a honra que a Congregação lhes fazia querendo associá-los a obra que deve ser comum, a instrução e educação cristã dos filhos.

O Sr. Dr. Olímpia P. S. Duarte Alves, governador civil de Leiria, teve palavras elogiosas para com a ação educadora dos Irmãos Maristas ao referir que teve quatro filhos matriculados no Externato Marista de Lisboa. Saudou, em seguida, na pessoa do Sr. Bispo auxiliar, o Sr. D. João Pereira Venâncio, bispo de Leiria, de quem se declarou particular amigo, e confessou publicamente que considerava como a maior graça da sua vida o facto de ter sido testemunha ocular do grande milagre do Sol em 1917, quando Nossa Senhora apareceu aos pastorinhos na Cova da Iria.

O Irmão Miguel Pereira da Silva, provincial, agradeceu, sensibilizado, em nome de todos os Irmãos Maristas, às autoridades civis e religiosas e a todos os convivas presentes: “A vossa presença, Sr. Bispo e Excelentíssimas autoridades e amigos, ê para nós grande incentivo a prosseguirmos na linha de ação que nos foi traçada pelo nosso santo fundador a cuja glorificação assistimos todos aqui em Fátima. Tudo fazemos e tudo procuraremos fazer para merecer a vossa confiança e corresponder as vossas expectativas. Muito obrigado por terdes vindo.”

A terminar o Sr. Bispo auxiliar de Leiria disse que ainda se sentia o perfume de santidade deixado por S. S. o Papa Paulo VI, na sua recente visita a Fátima. “Vivemos uma hora de autenticidade. Educadores e educandos, pais e mestres, todos temos as nossas responsabilidades. A Província Marista Portuguesa está de parabéns. Fiquei muito bem impressionado com esta demonstração de força e de vitalidade. Que Nossa Senhora de Fatima continue a abençoar a vossa obra tão meritória para a Igreja.”

Pelas 17 horas, diante da capelinha das aparições, houve uma última reunião, antes de tomar o caminho de regresso. Foi cerimônia simples, mas comovente que terminou com o canto “Dai-nos a benção” em coro, por todos.

Se Fátima já exercia, na história intima de todos os Irmãos, atrativo e fascínio sobrenatural, porque santificada pela presença augusta da excelsa Mãe de Deus; se Fátima foi, no dia 13 de maio de 1967, solenemente confirmada com a presença insigne do Vigário de Cristo na Terra; Fátima figura desde agora, a um título novo, no Calendário não só da Provincia Marista Portuguesa, mas de. toda a Congregação, como trono glorioso do Beato Marcelino Champagnat. Do alto da colunata, o Bem-aventurado Fundador continua a publicar as glórias de Maria e a dizer aos seus filhos que ali acorrem de todos os quadrantes do mundo: “Maria tudo fez entre nós … Ela é o nosso Recurso Habitual”. –

A estátua é da autoria do escultor Vasco Pereira da Conceição. O bloco de mármore foi oferecido pelo Sr. Mário Cunha. Mede, com a base, 2,80 metros de altura e largura reduzida, condicionadas peles medidas rígidas fornecidas pelas entidades orientadoras do Santuário. É representado com a indumentária eclesiástica da época.

A sua posição hierática está conforme estabeleciam os seus preceitos.

O livro que se encontra aberto, apoiado na mão esquerda, simboliza as fontes do conhecimento.

Tratando-se de uma personagem cuja atividade principal foi a criação de condições de desenvolvimento do ensino, teve o autor a preocupação de representar o Beato Marcelino Champagnat em pleno vigor físico,

na atitude de ministrar uma lição, como que a dirigir-se a ·um auditório…, olhar atento ao presente, mas também como que a penetrar o futuro de sua obra ainda incompleta … que há de continuar a atingir dilatados horizontes: a Congregação dos Irmãos Maristas.