5 de dezembro de 2013 CASA GERAL

O Papa convidou-nos a não excluir nenhuma fronteira, e aí, atuar sem medo

De 27 a 29 de novembro, realizou-se em Roma, a Assembleia da União dos Superiores Gerais (USG). No final dessa reunião, foram recebidos por Francisco, que anunciou que 2015 será o Ano de Vida Religiosa. O Ir. Emili foi entrevistado por Religião digital, e assim se expressou:

Pode-nos explicar o tema da 82ª Assembleia da USG?

Em continuidade com a Assembleia anterior (maio de 2013), cujo tema era " Liderança na Vida Religiosa, 50 anos depois do Vaticano II ", também quisemos dedicar esta Assembleia ao mesmo tema, mas tentando aprofundar o seu conteúdo e as consequências concretas para o nosso serviço nas diferentes Congregações religiosas. Além disso, no presente caso deixamo-nos interpelar pela clara liderança do Papa Francisco, que muito nos inspirou a todos.
Toda a Assembleia se desenrolou no interior de uma dinâmica muito participativa e grupal. No fim elaborámos em conjunto uma série de "pontos-força" que reconhecemos na liderança do Papa e que queremos incorporar nas nossas vidas.


Pode assinalar alguns desses "pontos-duros"?

No final da nossa Assembleia resumimos a nossa reflexão em poucas páginas que serão publicadas nos próximos dias. Mas posso adiantar algumas grandes ideias.
No nosso serviço de autoridade sentimos um apelo à conversão em três aspetos:

– Conversão de atitudes pessoais: um serviço centrado no essencial, um serviço cuja autoridade lhe vem da autenticidade, um serviço que se expressa com profunda humanidade.

Conversão das relações: um serviço que se sabe expressar de uma forma simples e direta, um serviço que significa caminhar com os irmãos, um serviço que busca a vontade de Deus, com os irmãos.

Conversão de prospetivas e estilo da missão: um serviço profético, um serviço que tem a coragem de "sair e fazer sair", um serviço que expressa e divulga a cultura do encontro, um serviço alegre, portador de esperança.

Estas são as grandes questões, algo como que o "perfil" do que queremos para nós mesmos, inspirados pelo Papa. Como eu disse, cada um dos pontos está um pouco mais desenvolvido no documento que elaborámos.

A novidade desta Assembleia foi o encontro com o Papa no último dia. Que nos pode nos dizer sobre esse momento?

Pairava no ar da Assembleia uma grande expectativa por ter a graça de viver este momento histórico. A mim parecia-me que o simples facto do encontro, para além do que disse o Papa, e que nos deixa algumas mensagens importantes: ele não quis reduzir este espaço a uma audiência normal, mas dedicou-nos toda a manhã; deixou de lado discursos preparados, e preferiu um diálogo aberto, fraterno, muito próximo.

Enquanto o ouvia, imaginei uma conversa ao pé do fogo, sem pressas, falando de coisas que nos interessavam. O Papa consegue, com a sua proximidade derrubar imediatamente qualquer "barreira" e fazer-te sentir à vontade e em casa.

Que destacaria da mensagem que lhes deixou o Papa?

Vai-se publicar em breve uma transcrição do essencial destas horas de diálogo sobre muitas e diversas questões que afetam a vida religiosa. Deixe-me apenas sublinhar alguns elementos que já foram destacados no comunicado de imprensa emitido logo a seguir ao encontro.

Em primeiro lugar, o reconhecimento da Vida Religiosa como um convite a viver o evangelho de maneira "especial". O Papa evitou usar a palavra "radical ", porque todos os cristãos são chamados a ser radicais. "Especial" no sentido de que nós abraçamos um modo de viver e incarnar o evangelho, diferente da maioria do povo de Deus. Mas em qualquer caso, deveria ser como "um grito que desperta " uma coisa assim como um "sinal de alerta " que convida a ir ao essencial.

Outro aspeto que desejo destacar é a convocatória em ir para as fronteiras, muito na linha com o que tem vindo a dizer em tantas ocasiões, e, mais recentemente na Gaudium Evangelii. Convidou-nos a não excluir nenhum tipo de fronteiras, e aí, a agir sem medo, sempre de acordo com o carisma e a missão de cada família religiosa.

Gostaria de destacar mais algum aspeto?

Senti um grande apreço e interesse do Papa pela vocação de religiosos irmãos, e tenho a impressão de que ele nos vai ajudar a torná-la mais conhecida e apreciada em toda a Igreja.

Também dei muito valor ao seu apreço por quem trabalha com os jovens na educação, uma "fronteira " muito atual.

Uma coisa que a todos nos apanhou de surpresa foi o anúncio de que 2015 será dedicado à Vida Consagrada. Obviamente, foi uma surpresa muito agradável!

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Tomado de Religión digital – Entrevista de Jesús Bustamante
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