Ano de Espiritualidade Marista – Água da Rocha

27/09/2007

A partir de 7 de outubro de 2007 até outubro do próximo ano viveremos um ano dedicado à ?Espiritualidade Marista?.

De que se trata?

Para responder a esta pergunta nada melhor do que relembrar nos primeiros momentos deste ?Ano Espiritual? os objectivos propostos para vivê-lo. São eles:

* Aprofundar a espiritualidade marista que é mariana e apostólica
* Viver a espiritualidade marista de maneira mais vibrante e torná-la mais conhecida e amada.
* Dar continuidade à primeira chamada do XX Capítulo Geral que pedia aos Irmãos e aos Maristas em geral de centrarem as suas vidas em Jesus Cristo.
* Criar processos de formação espiritual que possam continuar muito para além do ano 2008.
* Proporcionar uma estrutura que facilite o conhecimento do texto ÁGUA DA ROCHA e a capacidade de o difundir de maneira efectiva no Instituto.

Temos pois à nossa frente um vasto programa que é um autêntico desafio. Um programa em cinco pontos que constituirão um apelo constante a nos tornarmos mais homens e mulheres de Deus de acordo com a ?Espiritualidade Marista que brota da tradição de Marcelino Champagnat? para utilizar o subtítulo do documento recentemente publicado e já mandado a todos os cantos do mundo marista. O seu título é nosso conhecido: AGUA DA ROCHA.

O Ano da Espiritualidade Marista, recordando o último dos objectivos, deve dar a conhecer este documento. Não para o conhecer apenas de um modo intelectual que pouco teria a ver com a nossa experiência, com a nossa vida de todos os dias. Diríamos antes, usando um velho aforismo teológico, ?conhecê-lo para amá-lo?. Sabemos que a vice-versa também é verdadeira: ?amá-lo para o conhecer ainda mais?. Este desafio a que somos convidados é exigente, embora não pareça. É que nos poderíamos limitar a uma leitura superficial do documento para logo o classificarmos e deixarmos descansado nas prateleiras das nossas bibliotecas. Tentação enganadora! E do conhecimento amoroso do documento somos depois convidados a difundi-lo de maneira efectiva no mundo marista. Todos estamos convencidos de que a espiritualidade marista é um dom oferecido à Igreja e não só aos maristas. Na prática somos convidados a viver a espiritualidade que é nossa e a testemunhá-la perante o mundo de modo que outros se sintam entusiasmados e atraídos por ela. Só então o carisma de Champagnat será plenamente fecundo.

Subindo na ordem dos objectivos o Ano de Espiritualidade estamos em presença de outro desafio: encontrar processos de formação espiritual que possam continuar muito para além do ano 2008. O Ano de Espiritualidade terminará no tempo, mas não devem terminar os seus frutos e as iniciativas que tiver desencadeado. Neste sentido TODOS os que fazem parte do mundo marista são chamados a dar asas à imaginação para promover iniciativas, dar sugestões, compartir idéias, multiplicar experiências que se prolonguem para além de 2008. E temos os meios onde poderemos fazer tudo isso pensando nos diferentes níveis que já outras vezes nos têm sido lembrados quando tratamos de pôr alguma coisa em prática para o bem do Instituo: nível local, nível provincial, nível geral. Que podemos fazer pensando em cada um desses níveis? Não devemos esperar que tudo venha de um nível para os outros. Através da WEB e da secção que lhe será dedicada na nossa página marista podemos partilhar as nossas riquezas, as nossas idéias, as nossas iniciativas. Vamos fazê-lo? Todas as sugestões serão úteis para enriquecer os outros.

Todas estas iniciativas partilhadas, vividas e interiorizadas só podem conduzir-nos a viver de uma maneira mais profunda uma ?velha? chamada que, certamente, não está esquecida nas nossas vidas: dar continuidade à primeira chamada do XX Capítulo Geral que pedia aos Irmãos e aos Maristas em geral de centrarem as suas vidas em Jesus Cristo. É outro objectivo fundamental. Não será fácil talvez. Daí a necessidade de voltar continuamente a ele. O Ano de Espiritualidade através das mais variadas iniciativas deve conduzir também a uma relação vital mais profunda e mais íntima com Cristo. Um ano pois (e para além desse ano, evidentemente) em que somos chamados a ?cristificar-nos? para usar a linguagem de alguns padres da Igreja. O termo pode soar um pouco a anacrônico mas a realidade é a mesma sempre: ontem como hoje, hoje como amanhã somos chamados a viver ?em Cristo? para usar a expressão tão comum e tão querida a São Paulo. Este é um desafio de monta: é normal que não estejamos totalmente ?cristificados?, mas o convite do Capítulo é atual e nada mais é do que o eco do convite evangélico: sede perfeitos como o vosso Pai do céu é perfeito (cf Mt 5, 48). No caso do nosso Ano de Espiritualidade ?perfeição? nos caminhos do Pai poderá coincidir com a ?cristificação? pela vida do Filho em nós. Ainda aqui, Paulo é um verdadeiro mestre espiritual: ?Tende em vós o mesmo sentimento de Cristo Jesus?.

Se assim formos tocados por Cristo ao longo do Ano de Espiritualidade (e depois) estarmos certamente em condições de viver a espiritualidade marista de maneira mais vibrante e torná-la mais conhecida e amada. O peso dos anos e uma certa indefinição ou melhor, uma certa ?não-compreensão? da nossa identidade podem não ajudar-nos a viver com entusiasmo a nossa espiritualidade. E se não a vivemos com entusiasmo, certamente também não seremos bons comunicadores e bons multiplicadores da mesma. Pois bem: aí temos um ano em que somos convidados a olhar para nós mesmos, para a nossa comunidade, para a nossa instituição (escolar ou outra) para ver em que ponto estamos em relação à nossa espiritualidade. E perguntar-me (perguntar-nos) o entusiasmo com que a vivo (vivemos) e a multiplico. Talvez não seja fácil conservar ao longo dos anos a alegria e o entusiasmo dos primeiros tempos. O Ano de Espiritualidade pode ser um momento único em que de novo dou vida ao primeiro amor enamorando-me ainda mais profundamente do dom que Marcelino nos deixou e deixou à Igreja. Um momento, de deserto talvez, em que nos deixamos ?seduzir? por Deus e deixamos que ele nos fale ao coração. Este é o caminho para ?responder a Deus (e a Cristo) como nos dias da nossa juventude?. Foi assim que Israel entrou de novo na intimidade de Deus (cf. Os 2,16-17) para depois se tornar ?luz das nações? (cf. Is 49,6). E será assim que nós criaremos condições em nós e nos outros para vivermos a nossa espiritualidade tornando-a ao mesmo tempo mais conhecida e amada.

É verdade que o que acabamos de dizer só pode ser feito com credibilidade se aprofundarmos a espiritualidade marista que é mariana e apostólica. É sempre verdadeiro o princípio popular: ?ninguém dá o que não tem?. Do mesmo modo podemos dizer: ?ninguém testemunha o que não vive?. Assim e antes de tudo o Ano de Espiritualidade pode ser um apelo a uma atitude de coerência, isto é, a uma atitude de verdade para conosco mesmo e com os outros. Não podemos ser Maristas (Irmãos ou Leigos) apenas de nome. Sê-lo em verdade significa que nos deixamos modelar pela espiritualidade que Marcelino nos deixou de tal maneira que já não podemos viver sem ela. De tal maneira que ela nos ?reforme?, nos forme e nos transforme tornando-nos um ?ser marista? renovado, mais à imagem de Marcelino. Copio aqui, como já terão visto alguns, o ensino de São Paulo aos Colossenses quando lhes propõe a passagem do ?velho homem? ao ?homem novo? para ser renovado à imagem do seu criador (cf. Col 3, 5-17). E Paulo diz ainda referindo-se à Palavra de Cristo: ?A Palavra de Cristo habite em vós ricamente: com toda a sabedoria ensinai e admoestai-vos uns aos outros e, em ação de graças a Deus, entoem vossos corações salmos, hinos e cânticos espirituais? (cf. Col 3, 16). Pensando no nosso Ano de Espiritualidade e no documento que acaba de nos ser oferecido Água da Rocha o paralelismo é evidente: bebei da Água da Rocha, que ela sacie a vossa sede e ensinai outros a beber dela; e fazei todo isso na alegria proclamando ao mundo a vossa riqueza espiritual porque brota de homens e mulheres ?espirituais? que não podem guardar para si tamanho dom. O Espírito transforma o coração e impele-nos à missão. Foi assim que aconteceu em Maria. Assim deve acontecer em nós.

Irmão Teófilo Minga
Secretário da Comissão de Vida Religiosa.

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