Entrevista do Irmão Giovanni Bigotto pelo Irmão Lluís Serra

14.11.2002

CAMINHOS DE SANTIDADE

O Irmão Giovanni Bigotto, 64 anos, nasceu na Itália. Depois de 40 anos de África, 33 em Madagascar e 7 no Quênia, retornou ao seu país. Ele trabalha na Administração geral como Postulador gera. Ele trata das causas de nossos modelos de santidade; os que o Instituto leva adiante. Substitui o Irmão Gabriele Andreucci que concluiu o seu mandato com a canonização do Fundador..

Com o papa João Paulo II, canonizações e beatificações são relativamente freqüentes; mal a que ponto as pessoas se preocupam com a santidade?
É verdade, João Paulo II tem canonizado e beatificado mais que todos os papas que o precederam. Ele nos quer dizer que a santidade é possível, próxima de nós. E o processo de trabalho foi simplificado, e os meios de comunicação facilitam os trabalhos.
Mas as pessoas preocupam-se com a santidade? Ante uma quantidade de pessoas indiferentes há milhares de peregrinos que visitam os santuários de Maria ou túmulos dos santos.

Ouve-se dizer, às vezes, que com dinheiro tudo se pode fazer, mesmo santos. Com tua experiência, esta afirmação é verdadeira?
LinksInsert the names for LinksLinks (FR):Links (EN):Links (ES):Links (PT): Il pulsante va premuto una volta soltanto.Attendere che la procedura di memorizzazione abbia completato il suo lavoro.É uma bela questão, freqüentemente ouve-se dizer: ?É preciso muito dinheiro para fazer um santo!? Certamente é preciso dinheiro, envolvem-se especialistas no trabalho: relatores, teólogos, cardeais, bispos e paara o caso de um milagre, de 9 a 12 médicos especializados na doença de que se trata. Mas a canonização custa muito menos que certos trabalhos que se fazem, por vezes sem necessidade. Digo que todas as canonizações ricas (Padre Pio, Escriba de Balaguer, Fundadores?) devem custar ao menos 25% das despesas para subsidiar as causas pobres, (os santos da África). Nós, Maristas, tivemos uma canoniza?o em 185 anos de existência.

Os Irmãos Alessandro e Gabriele, teus predecessores, o primeiro tendo levado Marcelino à beatifica?o e o segundo à canoniza?o, são italianos como você. É imprescindível que o Postulador seja italiano?
Não! As línguas de trabalho aceitas na Congregação dos Santos são além do italiano, o francês, o espanhol, o inglês e o alemão. Quando eu seguia o curso de preparação, a maioria dos que formavam não eram italianos. Os italianos, entretanto, têm a vantagem da cultura local, da língua, de uma certa tradição no trabalho.

Atualmente, qual é o processo mais adiantado para nós Maristas?
O do Irmão Bernardo martirizado em 1934. Ele devia ser beatificado este ano. Porém a Congregação dos Santos decidiu não mais realizar beatificações individuais de mártires espanhóis mas formar grupos. Isto explica o atraso.

A última causa aberta é a do Irmão Basílio, em 5 de junho de 2002? Quais as razões?
Basílio Rueda, Irmão Marista mexicano, foi nosso Superior geral de 1967 à 1985. Ele faleceu em 1996. Nós abrimos a causa porque todos que o conheceram reconhecem que ele era extraordinariamente humano e espiritual. Um motivo da Igreja é que ele foi um dos grandes artífices e promotores da vida religiosa segundo o Vaticano II. Foi também um homem que teve grande impacto em toda América Latina. Para estes cristãos ele pode ser um modelo. Sobre tudo nós sabemos que ele era um homem de nosso tempo pela sua cultura, sua abertura de espírito; sua causa é a de um santo moderno.

O Irmão Henri Vergès parece um caso muito claro de martírio?
São 19 ao todo, os religiosos, padres e um bispo que foram mortos na Argélia. O Irmão Henri Vergès e a Irmã Paula Helena pontuam a lista. Eles foram mortos a 8 de maio de 1994. Os assassinos orgulharam-se de ter trucidado dois cristãos. Dos diversos casos da Argélia todos são unânimes em admitir que o trucidamento do Irmão Henri Vergès e da Irmã Paula Helena é o que apresenta as melhores características de um martírio.

Quais os outros processos em andamento?
São todos de grupos de mártires: Laurentino e seus 44 co-irmãos; Crisanto com 65 co-irmãos e dois leigos. Esperamos que o grupo de Laurentino seja beatificado em 2004 ou 2005 com Bernardo. O grupo do Irmão Eusébio e 58 outros está ainda nas mãos do Ir. Mariano Santamaria, o Vice-Postulador da Espanha. O Irmão Lycarion, um Irmão suíço, morto em Barcelona na semana trágica, em 27 de julho de 1909, está com todos seus documentos prontos.

Recentemente você esteve na Espanha. Por quê?
Sim, e ficou muito satisfeito com esta visita. Em Barruelo onde se conservam os restos mortais do Irmão Bernardo existe uma verdadeira devoção popular a este Irmão, muitas flores são depositadas em seu túmulo; pessoas vêm ali, ajoelham-se e ficam rezando. Mesma impressão em Torrelaguna onde três de nossos Irmãos, mortos em 1936, estão sepultados na igreja paroquial. Os cristãos aguardam com impaciência a beatificação. Les Avellanes é um autêntico santuário marista: muitos Irmãos foram mortos na propriedade ou nas vilas dos arredores. A linda capela do mosteiro conseva os restos de uns trinta Irmãos. As pessoas vêm e rezam. A beatificação popular precede sempre a beatificação oficial de Roma.

Porque não se introduziu a causa dos Irmãos Servando Mayor, Ángel Isla, Fernando La Fuente e Julio Rodríguez, que foram mortos em Bugobe, Congo?
É uma causa que interessa muito a Espanha. O pedido de abertura deveria vir das Província espanholas. Penso que não tardará.

Muitas causas dependem dos milagres. Porque? E o que é um milagre?
Para a beatificação de um mártir não se exige milagre; para a de um confessor, exige-se um milagre. Para todas as canonizaçöes, mártires ou não, o Vaticano exige um outro milagre.
Porque pede milagres? O milagre uma realidade que perpassa as Escrituras, mesmo Jesus o fez. São sinais. Ele revelam que Deus está presente e nos ama. A possibilidade de um milagre para doentes graves é como uma jan ela de esperança, temos o direito de os privar desta esperança? Milagres se produzem porque há beatificações e canonizaçöes. E cada caso miraculoso é examinado por pelo menos 9 médicos especialistas do caso, em diferentes momentos. Lembrete: Só Deus faz milagres; os santos intercedem conosco para obtê-los.

Você realmente acredita em milagres? Aconsellharia começar uma novena diante de um caso clinicamente desenganado?
Certamente que eu acredito em milagres. Mas acredito muito pouco em novenas; normalmente se as fazem muito mal, sem nenhuma implicação séria. È preciso saber pedir a Deus. Se eu não peço senão quando estou em perigo, que amizade profunda tenho com Deus? Ele è um Pai e não uma máquina de milagres! Acredito muito em novenas sérias, mas elas são raras.

Que serviço prestam os santos à sociedade e à Igreja?
Antes de tudo eles são uma humanidade humanizada, cheios de respeito para com os outros, vivem as bem-aventuranças que são os grandes fatores de humanização: são amáveis, sedentos de justiça, artífices de paz, de espírito pobre: não egoístas nem dominadores. São mestres em humanidade.
Depois são ativos, para os mais marginalizados; basta pensar em Champagnat.
Sobre tudo eles são uma presença forte de Deus e dizem que é bom o amar. Esta paixão por Deus, è ela que responde ao sentido absoluto da vida. Um santo é um revelador de sentido.
Eles são a honra da Igreja e da humanidade; eles são seus melhores filhos. Os santos são o Cristo que continua hoje com todas as qualidades que ele tem nos evangelhos.

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