Fundo Marista para o Tsunami e suas atividades – Terceiro boletim anual

03/04/2008

As imagens impressionantes de morte e de destruição, que apareceram nos meios de comunicação durante vários meses depois do tsunami no Oceano Índico, em dezembro de 2004, voltaram novamente à mente de todos, quando chegaram as notícias de que em abril de 2007 havia ocorrido um outro tsunami destrutivo, desta vez nas Ilhas Salomão.

Na madrugada do dia 2 de abril de 2007, próximo a Gizo, nas Ilhas Salomão, um terremoto subaquático, calculado com uma magnitude de 8.1, motivou um tsunami, cujas ondas chegaram a ter 10 metros de altura, o que significa uma dimensão realmente perigosa para este país constituído de ilhas vulcânicas e de atóis de corais.

Depois desse acontecimento, 13 vilarejos foram arrasados, deixando três mil desabrigados e prejuízos estimados em milhões. O balanço foi de comprovadamente 52 vítimas fatais em conseqüência do desastre e ainda outras 60 pessoas que estão desaparecidas. Numerosos outros abalos secundários, o pior deles calculado com uma intensidade de 6.2, provocou a fuga de muitas pessoas para as regiões mais elevadas, com receio de que outras ondas destrutivas pudessem se formar em conseqüência desses tremores.

Poucas horas depois do tsunami, a notícia das destruições em Gizo chegou à Casa geral e às comunidades circunvizinhas. O distrito da Melanésia, que está sob o protetorado da província de Sydney, realiza vários trabalhos pastorais na região, como em Vanga Point, na Ilha de Kolombangara, onde mantém a St. Dominic?s Training School, a Vanga Teaching College e a recentemente construída St. Marcellin School. Felizmente, ali não houve nenhuma vítima fatal, mas o cais da escola foi destruído e diversos edifícios foram danificados.

Sharon Attard, uma professora marista, que trabalha voluntariamente nas escolas maristas de Vanga Point, estava em Gizo quando ocorreu o terremoto que motivou o tsunami. Ela escreveu aos seus amigos que tinham ficado em casa:

Aqui em Gizo foi tudo muito rápido e eu tive apenas o tempo de me abrigar lá no alto. Eu ainda tenho vontade de soltar um bom grito, porém não me parece que seja o momento. Eu passei os últimos dias tentando ir à casa do bispo ou me comunicar com a cúria da diocese de Gizo. As pessoas estão indo e vindo para tentar ver o bispo, pois são muitos os casos de vítimas e dos que conseguiram sobreviver.

A diarréia se alastrou através da população infantil, devido à péssima qualidade da água e, naturalmente, a malária começará a aumentar, embora os mosquitos transmissores ainda sejam poucos. Os alimentos são escassos e as lojas de comércio chinesas também ficaram muito danificadas. Eu andei várias vezes através da rua principal, procurando por uma loja aberta. Felizmente a padaria ainda está funcionando.

Com o terremoto e o tsunami, todo mundo aqui passou por um momento muito difícil, principalmente por causa da perda de vidas e de suas casas. Eu acredito que a maioria das pessoas se sente completamente sem ajuda, inclusive eu…

Concedida uma ajuda inicial para os trabalhos de reconstrução

Nos dias que se sucederam imediatamente ao terremoto e ao tsunami, Vanga Point se tornou o lugar de encontro dos habitantes de todos os vilarejos da região norte da ilha. O Ir. Tony Burrows e todos os outros membros da comunidade de Vanga Point, incluindo os estudantes e os funcionários da escola, encontraram-se envolvidos na organização dos esforços de reconstrução neste setor da ilha. Um número crescente de pessoas chega ali no St. Dominic Rural Training Center procurando ajuda, mas, com certeza, muitos outros estão precisando de auxílio fora dali.

Alguns dias depois, o MAPS, o órgão da província de Sydney encarregado de promover a solidariedade, e que está sob a direção do Ir. Chris Wills, coordenou uma campanha nas escolas maristas, nas comunidades e dentre os benfeitores na Austrália, para angariar fundos para a compra de alimentos, agasalhos e outros gêneros de primeira necessidade. A campanha conseguiu reunir 70 mil dólares australianos, dos quais 30 mil foram destinados à reconstrução mais imediata e urgente, enquanto 40 mil foram reservados para sustentar os trabalhos de assistência, uma vez passado o momento de emergência.

Assim como havia ainda recursos disponíveis no Fundo Tsunami, criado pelo Instituto, e como muitos de nossos projetos de assistência patrocinados no Sri Lanka e na Índia já estavam sendo concluídos, ou próximos de sua concretização, houve um oferecimento de ajuda para os trabalhos de assistência urgente e para a reconstrução em Vanga Point. A ajuda foi concedida depois de uma solicitação feita através de um pedido formal e com a aprovação do Conselho geral (SOL 01/07), sendo destinada a quantia inicial de 10 mil dólares. Assim como no Sri Lanka e na Índia, a quantia inicial de 10 mil dólares foi destinada para auxiliar nos trabalhos de assistência emergencial. Os projetos para a reconstrução serão realizados imediatamente depois que passar o momento de crise mais urgente.

Trabalhos de recuperação começarão em breve: construção do dormitório no St. Dominic Rural Training Center

Uma vez passado o momento de crise imediata e quando as pessoas começaram a se sentir com mais confiança, pensando que estivesse afastado o perigo de outros abalos, os irmãos concentraram sua atenção no trabalho que consiste em ajudar a população a retornar às suas casas, incentivando-a a iniciar as obras de reconstrução. Os estudantes da escola de treinamento tiveram um papel importante nesse momento. Usando de suas habilidades, eles estão instruindo e providenciando um conjunto de ferramentas, acompanhando os grupos de pessoas que estão voltando aos seus vilarejos, ajudando-os a reparar suas casas e a reorganizar suas hortas.

Enquanto isso, de volta à escola, os irmãos e os funcionários começaram a se preocupar em reparar os danos do centro de treinamento. O Ir. Tony Burrows resume a situação da seguinte maneira:

1. O cais foi totalmente arrasado.
2. Duas casas dos funcionários foram danificadas. Uma delas está desmoronando, em situação dramática e não pode ser utilizada.
3. A oficina de mecânica e a carpintaria tiveram seus muros inutilizados.
4. O dormitório dos meninos teve rachaduras no muro de cimento e necessita de cuidados.
5. A linha elétrica para o outro lado do rio precisa ser refeita.

O primeiro item da lista fala da reconstrução do cais: sem ele, o transporte de alimentos e de outros gêneros de primeira necessidade ficará prejudicado. Já foi solicitada à real marinha australiana para que ela auxilie na demolição e na remoção das ruínas do cais, e a Cáritas da Austrália tem demonstrado a sua intenção de ajudar na construção de um novo cais.

A situação dos dormitórios da escola tornou-se uma preocupação e uma urgência. Uma inspeção mais detalhada revelou danos maiores do que se pensava inicialmente. Foi tomada a decisão de substituí-los, e no mês de setembro, o Conselho geral aprovou a quantia de U$88.644,12 para reconstruir todos os seis dormitórios (SOL 02/07). Os trabalhos foram iniciados, mas o projeto da reconstrução do cais terá influência no prazo fixado para a conclusão dos dormitórios, que seria para setembro de 2008. A quantia destinada pelo Conselho geral ajudará na aquisição de computadores, de cimento, do material para refazer o teto, de aço, para a pintura, o pagamento de fretes e para alguns custos adicionais. Os estudantes da escola técnica estão trabalhando na construção dos dormitórios.

Os trabalhos de reconstrução continuam nas Ilhas Salomão.

Contribuições ? desembolsos de 2007 (terceiro ano)

As contribuições para o Fundo Tsunami prosseguiram durante o ano de 2007. Foram acrescentados 860 mil dólares ao fundo, graças à generosidade da província da Nova Zelândia.

Estas contribuições fizeram com que o total geral disponível aumentasse para U$1.194.230,56.

Contribuições à campanha do Fundo Tsunami (em U$)
Situação em 14 de fevereiro de 2008.

Entradas 2005

U$1.181.216,81

Entradas 2006

U$12.153,75

Entradas 2007

U$ 860,00

Total arrecadado

U$1.194.230,56

Os desembolsos do Fundo Tsunami durante o ano de 2007 totalizaram U$98.645. Estes recursos financiaram os trabalhos de assistência e de reconstrução nas Ilhas Salomão.

Projetos apoiados em 2007 (em U$)

Ilhas Salomão ? Auxílio de emergência

U$10.000,00

Ilhas Salomão ? Construção do dormitório

U$88.645,00

Total de desembolso do Fundo Tsunami em 2007

U$98,645.00

Estes desembolsos, adicionados os desembolsos feitos no ano de 2005 (U$293.683,45) e em 2006 (U$449.073,54), somam um total de U$841.401,99.

Desembolsos do Fundo Tsunami
Situação atual, em 14 de fevereiro de 2008

Total de entradas (2005-2007)

U$ 1.194.230,56

Desembolso de 2005

U$ 293.683,45

Desembolso de 2006

U$ 449.073,54

Desembolso de 2007

U$ 98.645,00

Recursos atuais disponíveis no Fundo

U$ 352.828,57

Em 14 de fevereiro de 2008, continuava disponível no Fundo Tsunami a quantia de U$325.828,57. De acordo com as diretrizes da entidade, inicialmente aprovadas pelo Conselho geral, este fundo permanecerá ativo até janeiro de 2010. Naquela data, o Conselho geral encerrará o fundo e decidirá a destinação dos recursos que ainda permanecerem disponíveis.

Informações sobre o andamento dos trabalhos no Sri Lanka e na Índia

Nenhum desembolso foi feito no ano de 2007 para projetos no Sri Lanka ou na Índia. A nova escola em Payagala, no Sri Lanka, foi concluída. Uma vez a emergência passada na Índia, nossos irmãos desenvolveram o projeto de ajuda à criança sinistrada, para auxiliar na assistência das crianças atingidas pelos efeitos do tsunami. O programa inclui atividades educacionais e de recreação, assim como o aconselhamento e a assistência aos pais e às famílias que ainda estão sofrendo as conseqüências do tsunami. O fundo ajudou a sustentar este projeto durante dois anos. Foi solicitado um terceiro ano de concessão dos recursos provenientes do fundo e o caso está sendo estudado.

As lições que já aprendemos e continuamos a ter

Um desastre natural sucede sem avisar, e ele acontece rapidamente. Ao lado da morte e da destruição, os sobreviventes encontram-se também diante de uma variedade de emoções, inclusive a confusão, o choque, o medo, o desespero e a aflição, por causa da perda de membros de suas famílias, de amigos, de seus bens, de seu sustento, enfim, da vida que eles conheceram uma vez.

Responder a uma emergência de uma maneira apropriada e efetiva pode ser uma tarefa difícil a ser realizada, devido à extensão da emergência, à necessidade de agir rapidamente e dos recursos disponíveis. Nenhuma entidade ou indivíduo estão equipados para fazer face à demanda e para dar toda a atenção necessária aos sobreviventes da crise. As comunicações, as redes de informações, os profissionais, as entidades e os adequados recursos financeiros são necessários quando é preciso reagir a uma emergência. É preciso, portanto, dar uma especial atenção ao planejamento e preparando-se a essas emergências, procurando prever todos estes aspectos.

A resposta de ajuda que podemos dar em situações de crise pode ser vista observando duas fases. Na primeira, podemos oferecer auxílio aos trabalhos de assistência, ajudando as pessoas com aquilo que é essencial à sobrevivência: alimentos e água, cuidados médicos, roupas e cobertores. Uma vez passado o período de emergência, podemos auxiliar nos trabalhos de reconstrução, ajudando nos consertos e nos trabalhos de edificação, para que se restabeleça um clima de normalidade e as pessoas possam retomar o quanto antes às suas vidas normais. Quando a crise ocorre, existe uma inicial manifestação sentimental, chegando recursos de todos os setores da sociedade. Uma vez passada a crise e as entidades de ajuda deixam as áreas sinistradas, o fluxo de auxílio pode se tornar ocasional ou esporádico. Os pedidos de ajuda das pessoas «se perdem nas fendas» de suas casas.

Quando avaliamos nossa resposta a cada uma das emergências, achamos que respondemos sempre mais rapidamente na segunda fase. Quando o tsunami de 2004 atingiu os países da costa do Oceano Índico, nós não estávamos preparados. Precisou algum tempo para lançarmos uma campanha com o fim de angariar os recursos necessários e para estabelecer um fundo organizado. Tivemos que estabelecer algumas diretrizes e procedimentos para o desembolso dos recursos provenientes deste fundo. Essencialmente, nós aprendemos o que deveríamos fazer e como nos comportarmos diante de novos desafios.

O nosso trabalho árduo e o nosso aprendizado não foram em vão. Quando o tsunami de 2007 atingiu as Ilhas Salomão, não ficamos menos surpresos, mas estávamos mais bem preparados para dar uma resposta adequada. Tínhamos um fundo já estabelecido e com os recursos adequados disponíveis. Tínhamos as diretrizes e os procedimentos para o desembolso dos recursos. Tínhamos uma boa rede de comunicação e alguma experiência, por causa das emergências anteriores. Estes fatores nos ajudaram a permanecermos confiantes e concentrados em fazer face à crise.

Palavras finais e agradecimentos

Isto conclui o nosso Semear esperança: terceiro boletim anual. Gostaríamos novamente de expressar os nossos sinceros agradecimentos a todos aqueles que tornaram este fundo possível. Já se passaram três anos. Quando o segundo abalo e o tsunami ocorreram, em abril de 2007, nas Ilhas Salomão, nós estávamos prontos. Esta rapidez em dar a nossa resposta ao acontecimento foi em função da sua generosidade, que possibilitou a criação do fundo, depois do tsunami do Oceano Índico, em 2005. Nós agradecemos a você pela sua generosidade.

ANTERIOR

278 Seleção De Notícias Aparecidas Na Web ...

PRÓXIMO

Mensagem do Papa Bento XVI para o 45º Dia Mu...