Seán D. Sammon fms
UMA PÁSCOA FELIZ E CHEIA DE BÊNÇÃOS PARA TODOS

Havia uma vez um jovem que aspirava a uma grande santidade! Trabalhava com afinco para o conseguir e um bom dia decidiu informar o seu Mestre de seus progressos.
?Mestre, penso que alcancei a santidade,? disse anunciando a notícia.
?Que te leva a pensar assim?? perguntou-lhe o Mestre.
O jovem replicou: ?Estive exercitando-me na virtude e na disciplina a tempo e cheguei a tornar-me competente nas duas. Do amanhecer até o entardecer, não como e não bebo absolutamente nada. Durante o dia, presto todo tipo de serviço aos outros e nunca fico a espera de seu agradecimento. Tendo tentações sexuais, me rebolo na neve ou no matagal cheio de espinhos até que desapareçam. A noite, antes de recolher-me, pratico a antiga disciplina monástica da flagelar as costas desnudas. Disciplinei-me até atingir a santidade?.
O Mestre permaneceu em silêncio por algum tempo. Depois agarrou o jovem pelo braço e o levou até a janela. Dali mostrou-lhe um velho cavalo que estava no campo, puxado pelos arreios pelo seu dono.
?Estive observando este cavalo a algum tempo?, disse o Mestre, ?e notei que não recebe água nem comida do amanhecer até o anoitecer. Todo o dia passa trabalhando para os demais e ninguém o agradece. Freqüentemente o vejo rebolando-se na neve e entre o matagal, como costumam fazer os cavalos, e também com freqüência vejo seu dono o golpear. Pergunto-te: é ele um cavalo ou um santo??
Moral da história. Ser santo mais tem que ver com o espírito de agradecimento ou com as práticas piedosas. Ser santo significa acolher o dom do amor incondicional de Deus, mais que escalar a escada das virtudes.
A Páscoa é uma destas festas que confundem os mais racionais. Jesus ressuscitou entre os mortos! Quem o poderia crer? Muitos, naquele tempo, não o fizeram. Hoje em dia também há pessoas cépticas. Mas um aspeto muito poderoso de nossa fé é sua capacidade de assombrar-nos, de surpreender-nos, e de tocar profundamente nosso coração e nossa mente.
É o caso do amor incondicional de Deus para com cada um de nós. Tanto tu quanto eu nada podemos fazer para merecer o amor de Deus: é nos dado gratuitamente. Penso nos momento de paixão que viveste. Não tens desejado o melhor para a pessoa amada? Preocupas-te por ela, o tempo ao seu lado nunca é suficiente e parece que não estás a vontade se não estás com ela. Já que o amor humano é um reflexo do amor divino, com quanta intensidade não estaremos presentes na mente e coração de Deus!
Marcelino entendeu este aspeto de nossa fé muito bem, como Maria. Dois traços de sua espiritualidade são a prática da presença de Deus e a confiança na proteção de Maria. Sua espiritualidade era encarnada, mariana e transparente.
Ao celebrar a ressurreição do Senhor no dia de hoje, diferentemente do jovem da história, deixemo-nos assombrar e surpreender pelas coisas extraordinárias que Deus está realizando em nós. E não apenas admiremos a Jesus, mas também o imitemos. Para nós, isto significa proclamar a Boa Nova de Deus às crianças e jovens pobres. É fácil encontrá-los hoje em qualquer sociedade e cultura, em qualquer país ou região do mundo.
O jovem da nossa história tinha muito que aprender. Pensava que tudo dependia de seu esforço. Esquecia que Jesus veio como servo suficiente e não como rei conquistador. Recordemos eu a criatura no campo, a qual se referia o Mestre da história, era um cavalo e não um santo… Mas isso cai por seu próprio peso. Depois de tudo, ser um santo tem mais que ver com o espírito de agradecimento do que com as praticas piedosas.
Uma Páscoa feliz e cheia de bênçãos para todos.

Roma, abril de 2003

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