III Capítulo – 1860, Saint-Genis-Laval

06/1860 – 36 Irmãos participantes

As dores de cabeça que o Ir. Francisco sofria, há muito tempo, em consequência das ocupações e exigências que se multiplicaram com o número de alunos, tornaram-se crônicas e tão agudas que o governo do Instituto se lhe tornou quase impossível. O Pe. Favre, Superior da Sociedade de Maria, que viajara à Cidade eterna, encarregou-se de apresentar a situação, ante a Sagrada Congregação dos Bispos e Regulares, que aconselhou a eleição de um Irmão Vigário para ajudar o Ir. Superior.1

No dia 2 de julho de 1860 foi convocado um Capítulo geral ao qual são convidados2 os Irmãos estáveis.3 Apresentaram-se 33 Irmãos estáveis,  número em que estão incluídos os que pertenciam ao Regime ou governo; três estão ausentes por motivos justificados4.

O novo Capítulo geral, sem capitulares eleitos, começou com a mesma cerimônia de 1852, mas em  Saint-Genis-Laval.

O Ir. Francisco anunciou que, após consulta ao Secretário da Sagrada Congregação de Bispos e Regulares, e devido a seu estado de saúde, e ao crescente trabalho da administração do Instituto, decidira pedir ao Capítulo que o liberasse da responsabilidade da administração do Instituto.5 Propõe ao mesmo tempo transferir ao Ir. Luís Maria a autoridade plena e todas as faculdades necessárias para a administração e o governo geral do Instituto, como Vigário do Superior geral.

 O Ir. Luís Maria levantou-se para reclamar contra esse modo de nomeação e solicitou uma decisão do Capítulo. A votação secreta, proposta pelo Irmão pascal, 3º Assistente geral, deu 33 votos a favor da proposta do Ir. Francisco e dois contra. Depois dessa votação, o Capítulo, em sua totalidade e por unanimidade, outorgou ao irmão Luís Maria todos os poderes de Superior com todas as suas responsabilidades.6

Por proposta do Ir. João Batista, o Capítulo decidiu dar ao Ir. Luís Maria, recém-nomeado Vigário, o título de Reverendo Irmão Superior e ao Ir. Francisco, Superior demissionário, o de Reverendíssimo Irmão Geral.7 

A partir desse momento, foi o Ir. Luís Maria quem dirigiu o Instituto e assumiu o cuidado de todos os assuntos. Apesar de seu título oficial, o Ir. Francisco não se considerou mais do que um superior honorário, considerando o Ir. Luís Maria como seu sucessor, apesar de ser seu vigário.8 Depois dos retiros de 1860, retirou-se a Nossa Senhora de l’Hermitage, e aceitou o humilde posto de Diretor da casa, em substituição do Ir. Mathieu.9

O Capítulo trabalhou sobre um projeto para ser estudado e discutido10, que constava dos 9 artigos das Constituições, que Roma tinha comunicado como novidades, e que era preciso regularizar definitivamente; a estes se acrescentaram dois mais11.

Aproveitou-se esta reunião capitular para organizar as Províncias existentes e para criar outras novas, o que exigiu novas eleições12.

A Assembleia capitular nomeou como Assistentes os Irmãos Theophane, diretor de Valbenoîte-Saint-Etienne; Philogone, diretor do Noviciado e Chrysogone, diretor de Arbresle13. O Regime, assim organizado, decidiu, em 1861, por dividir a Província Central em duas: a de Saint-Genis- Laval e Notre-Dame de lHermitage. A primeira foi confiada ao Irmão João Batista e a de Notre-Dame de l’Hermitage ao Ir. Philogone; as duas de Midi, ao Ir. Pascal e a do Nord ao Ir. Theophane. O Ir. Chrysogone se encarregou do noviciado, que continuou sendo comum para as Províncias de Saint-Genis-Laval e Notre-Dame de l’Hermitage.14

Em sua última Circular dirigida aos Irmãos, com data de 21 de julho de 1860,15 o Irmão Francisco publica a Ata do 3º Capítulo geral: eleições, estatutos capitulares, etc. Entre os estatutos é preciso assinalar o seguinte:

– A festa do glorioso São José será feriado a ser celebrado na Casa de Noviciado, como as cinco festas da Virgem Maria.
– Aos Irmãos não é permitido fumar. A dependência e o hábito de fumar são motivos para a não-admissão à profissão.
– Seja estabelecida uma procuradoria geral (Central de vendas) com sucursais nas casas do Instituto, em número suficiente para que o serviço seja cômodo.

 “O Capítulo deseja:
– que se estabeleça a circunscrição dos Distritos e que haja um Irmão, com voto de estabilidade, se possível, na cidade principal de cada um deles.
– que se envie aos Irmãos um modelo de livro de Anais.
– que o Governo (Regime) faça elaborar os livros-texto a serem publicados e que se confie sua correção a uma comissão, antes de imprimi-los.

– que se componha um livro, contendo os temas de meditação, a ser entregue aos Irmãos, bem como um livro de Ofício16.
“O Capítulo renova o voto para que os Irmãos adotem um catecismo elementar único”17.

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1 Abbé PONTY, Vie du Frère François, premier Supérieur Général de lInstitut des Petits Frères de Marie, 1808-1881, Lyon, Librairie Emmanuel Vitte, 3, place Bellecour, 1899, pp. 216-217.

2 "Cabe assinalar em primeiro lugar uma curiosidade: o primeiro Capítulo que elegeu o Ir. Francisco, em 12 de outubro de 1839, em Notre-Dame de lHermitage, e o terceiro Capítulo, que aceitou sua renúncia no dia 18 de julho de 1860, em  Saint-Genis-Laval, não contavam com membros eleitos. Eram membros de pleno direito do primeiro Capítulo geral todos os Irmãos professos perpétuos, na época, 112; de fato, apenas 92 professos participaram da eleição. Eram membros de direito do 3º Capítulo geral todos os Irmãos professos com voto de estabilidade.
 Depois de 2 de setembro de 1855, 42 Irmãos tinham emitido o voto de estabilidade, três dos quais já haviam falecido e outros três não podiam ir a Saint-Genis-Laval “por motivos aceitos pelo Capítulo”. Permaneceram então para participar da Assembleia capitular 36 Irmãos estáveis, incluindo o Rev. Superior geral e seus três Assistentes.
O número de 36 estáveis anulava o segundo dos quatro artigos transitórios aprovados pelo 2º Capítulo geral, na tarde 18 de maio de 1854, e ao qual faz referência explícita o Ir. Francisco, em sua Circular de 2 de julho de 1860. Esse artigo dizia o seguinte: “No caso de ter que reunir um capítulo, antes de haver trinta e três Irmãos com voto de estabilidade,  para a nomeação de Delegados, seguir-se-á o método e os critérios adotados na Circular de   17 de abril de 1852”.
Portanto, era necessário seguir as disposições do artigo 7, da secção primeira, do capítulo IV das Regras de Governo, no qual se estipulava que os membros do Capítulo são eleitos dentre os professos estáveis e eleitos por todos os professos perpétuos nas Províncias. Na prática, a operação se reduzia a eleger 33 capitulares dos 35 elegíveis, dado que os membros do Regime são membros de direito. Essa eleição parecia ridícula por serem previsíveis algumas demissões. De fato houve três.
 O mais inteligente, nesse momento, era convocar todos os elegíveis; foi a decisão adotada pelo Ir. Francisco. A Circular de 2 de julho convidava os capitulares a estarem em Saint-Genis-Laval, doze dias mais tarde. Depois de um dia de retiro, o Capítulo iniciaria no dia 16, festa de Nossa Senhora do Carmo. Por razão desconhecida por nós, talvez devido a atrasos compreensíveis, considerada a brevidade entre a convocação e o início, a abertura do Capítulo foi atrasada de um dia” (Bulletin de l’Institut, T. 24, (1960-61) p. 387-389.

3 Circulaires T. 2, p. 440.

4 Ver: Circulaires T. 2, p. 400-401. Bulletin de l’Institut T. 24, p. 389. Chronologie de l’Institut, Roma 1976, p. 126

5 Chronologie de l’Institut, Roma 1976, p. 126

6 « A la découverte du Vénéré Frère François, Essai sur sa démission » (18 juillet 1860), Bulletin de l’Institut T. 24, p. 278-294 y 387-401. Chronologie de l’Institut, Roma 1976, p. 126

7 Atas. Cap. 3, 214. Bulletin de l’Institut T. 24, p. 386-397.  Chronologie de l’Institut, Roma 1976, p.127

8 Abbé PONTY, op. cil., p. 229. Cf. Circular de 21-7-1860, T. 2, pp. 402-403.

9 « Annales de la Maison et de la Province de Notre-Dame de lHermitage », Fr. AVIT, p. 47. Y Abbé PONTY, op. cil., p. 230-233. Bulletin de l’Institut T. 24, p. 399

10 Atas Cap. 3, 207-210. Bulletin de l’Institut T. 24 387-391. Chronologie de l’Institut, Roma 1976, p. 126

11 Atas Cap. 3, 215. Chronologie de l’Institut, Roma 1976, p. 127

12La obra de nuestros Capítulos generales’, Bulletin de l’Institut T. 27, (1966-1967), p. 633

13 Chronologie de l’Institut, Roma 1976, p. 126

14 Ibid., p. 48 e Annales (générales), cahier 6, p. 528.

15 Circulaires, T. 2, p. 402-408. É por erro que esta Circular traz (p. 402) a data de 2 de julho em vez de 21.

16 Atas Cap. 3, 215. Chronologie de l’Institut, Roma 1976, p. 127

17 Chronologie de l’Institut, Roma 1976, p. 127