14 de novembro de 2008 MéXICO

Conselho geral ampliado com as Províncias do Arco Norte (3)

No dia 07 de novembro, depois do trabalho realizado para conhecer a realidade da região, foi feito um esforço para detectar o que se passa no coração dos participantes. ?Queremos saber o que se passa no coração deste grupo?, disse o Ir. Emili Turú, animador da sessão. E continuou: ?Poderemos saber isso se, com simplicidade e transparência, manifestarmos o que sentimos em nosso coração. Será preciso escutar-nos; escutar o que sentem os irmãos do norte, do centro e do sul. Assim saberemos o que se passa no grupo?. Para dispor os presentes à partilha foi proposta a leitura dos números 73 e 74 de ?Água da Rocha? que convidam a ver a realidade com olhar de fé e de cultivar uma atitude de abertura.

Em clima de oração e fraternidade foram escutadas as intervenções. As perguntas que haviam sido feitas para fazer confluir a reflexão eram: A que me convoca o Senhor, neste momento da Região do Arco Norte? Qual é para ti o chamado que Deus dirige a esta Região marista? Transcrevemos algumas respostas individuais que refletem o sentir de muitos Irmãos:

?Impressionou-me positivamente a colocação do Ir. Seán sobre a indiferença espiritual, o sacrifício e a renúncia que devem orientar as opções importantes da vida. Desde o noviciado, não tinha mais ouvido um apelo semelhante. Veio sem estar programado, e a proposta não era muito clara. Surpreendeu-me essa convocação para ir além de meu país, além do meu mundo. Entendo que há urgências por atender para avançar, mas receio que não tenhamos tempo para elaborar um bom plano, em 48 horas?.

Outro Irmão disse: ?A esta pergunta responderia como Maria. O que estamos vivendo nestes momentos históricos constitui para mim uma nova anunciação. O Senhor me chama a algo que não entendo e que ultrapassa minhas possibilidades. O Senhor me chama a tornar Jesus conhecido no Arco Norte. Pergunto-me como se pode fazer isso. O Espírito Santo me abre novas perspectivas com muitas luzes e ajudas. Minha fé vem do velho Abraão. Minha Província pode chamar-se Isabel. Como Abraão e como Maria, preciso deixar meu país, sair de minha casa para ir visitar a Isabel. O anjo partiu, depois que deixou sua mensagem a Maria e esta foi visitar sua prima Isabel, para viver as conseqüências de seu ?sim?. Estou disposto a segui-la, pelos caminhos do Arco Norte, como Marcelino pelas trilhas do Pilat?.

O depoimento de outro Irmão dizia: ?Seria um equívoco dar atenção apenas às necessidades da Província. Impõe-se um processo para atender os Montaigne de hoje, na certeza de que nossa missão é trabalhar em favor das crianças e dos jovens necessitados. Sinto-me chamado a ir além de minha Província. Há diferenças culturais, modos diferentes de rezar e de comunicar; há problemas de visto para ir de um país a outro. Creio, no entanto, que é preciso abrir o coração, alargar a missão, partilhando-a com Irmãos e leigos; abrir novos caminhos que, ainda que obscuros e pouco evidentes, são caminhos de Deus. Precisamos encontrar formas de intercâmbio entre as Províncias, inicialmente como voluntários, depois com estruturas de participação mais definidas, isto é, teremos que viver uma espécie de missão ?ad gentes?, dentro do Arco Norte?.

Igualmente, foi sublinhado que ?é preciso identificar as riquezas e pobrezas que temos, enquanto Províncias, e fazer a mudança à qual nos convida o Ir. Seán: uma mudança não-profissional, mas apostólica. Algo que transforme nosso coração e nossa mente, para, como Maria, estarmos abertos ao Espírito e à solidariedade de que precisa o Arco Norte. Aqui estou, Senhor, para fazer tua vontade?.

Um irmão expôs esta reflexão: ?Preciso compreender as implicações da vida religiosa, em cada lugar. Sinto-me chamado a emigrar do norte para o sul, do centro para a periferia, das cidades para o deserto, a fim de criar novos espaços onde se possa recriar a vida religiosa e ser fiel à missão. Sinto-me chamado a alargar o espaço da tenda, a deixar entrar chamados diferentes daqueles que escuto habitualmente e dar espaço a outras pessoas, em minha vida. Percebo que é preciso abrir os olhos, as orelhas e o coração para compreender melhor as necessidades da região. Preciso aprender o inglês e o espanhol pra comunicar-me melhor e conhecer melhor as culturas que existem na região.?

?É preciso favorecer o intercâmbio entre jovens e irmãos de outros países, para conhecer como se vive a vida marista, em outros lugares; começar uma espécie de peregrinação marista de Irmãos, de jovens e de leigos de cada lugar? declarou um Irmão. ?Pessoalmente, sinto que é necessário cultivar uma atitude como a de Maria, para dizer ?faça-se?. Jesus teve que animar os discípulos, profissionais da pesca, por falta de resultados: ?Não tenham receio!? Devemos confiar em Maria, como Marcelino, quando faltaram as vocações para dar continuidade ao sonho. E porque confiou, pôde dizer mais tarde: ?Ela tudo fez entre nós?. Assim foi até hoje.?

Os testemunhos foram em geral de esperança, de abertura e disponibilidade. Mas, não faltaram os temores, ante as dificuldades. ?Ontem eu me dizia; o desafio é para 10 anos. Terei então 80 anos. Preciso começar a responder, hoje?. Um vizinho acrescentou: ?Queiramos ou não, dentro de 15 anos, a vida será diferente nesta região. Talvez, não gostemos de mudanças; em todo caso, haverá mudanças. Confiemos, oremos e trabalhemos para conseguirmos a mudança que desejamos para a vida marista.?

Assim o pensar de mais um outro: ?O que vou dizer não é fruto da indiferença espiritual; antes, do conflito e da batalha espiritual. Por que estamos como estamos? É responsabilidade nossa e dos que nos precederam. O horizonte se abre a nossos olhos e alcançá-lo é responsabilidade nossa e dos que entusiasmarmos com o futuro. Deus nos chama à disponibilidade e à abertura. Convoca-nos a efetuar o processo de reestruturação numa região em que há Províncias reestruturadas. É um indicativo de que a reestruturação não é um mal necessário, mas sinal de vitalidade e de esperança na região. Deus nos convida a rever nossa história para conscientizar-nos do que temos, em nossas mãos, nossa vida e a de tantos jovens e leigos que partilham a vida e a missão, enamorados do carisma de Champagnat. Com esta visão deveremos avançar. Muitas das obras que temos são as que Champagnat desejaria, hoje, para os jovens??

?Ontem, quando refletia sobre a pergunta: a que me chama o Senhor? – veio-me à mente o Pe. Champagnat, por ocasião do reconhecimento do ramo dos padres, em 1836. Nessa oportunidade, ele aceitou e pronunciou os votos na nova congregação. O Padre Champagnat colocou nas mãos do Padre Colin a obra de l?Hermitage. Demonstrou nessa circunstância uma grande disponibilidade e forte confiança no Padre Colin. Este lhe manifestou que não era desejo seu vê-lo nas missões, mas com os Irmãos, no Hermitage. Essa atitude de Champagnat é um pouco semelhante ao que vejo em mim, com relação ao Arco Norte. Tudo é possível e estou preparado para confiar totalmente no Senhor.?

?Quando se fala de regionalização, não me fica muito claro o que podemos conseguir. A colaboração na formação e em cursos… já existe. Mas somos convidados a criar algo novo. Vêm-me sentimentos e receios: sonhar com a construção do Reino de Deus, em toda a Região. Olho para a realidade de minha Província e vejo difícil encontrar o caminho. Mesmo assim, intuo que pode haver novidades, ainda que tenha medo de imaginá-las. Será preciso caminhar devagar, com conhecimento recíproco, integração e envolvendo-nos em algum projeto comum. Precisamos crescer no amor recíproco, querer-nos mais, construir juntos e sem fronteiras, em nossa Região. Mas, no momento, não vejo como fazê-lo e com que metodologia. Fico atento às inspirações do Espírito Santo, em cada um de vocês, porque eu ainda não as tenho.?

Por parte do Conselho geral houve algumas considerações. O Ir. Antonio Ramalho lembrou que, ?na reunião de Los Teques, foi sentida a necessidade de oficializar a Região, de modo que foram os Provinciais a decidirem pela criação do grande Arco Norte. Pediu-se ao Conselho geral de apoiar e acompanhar o processo. Foi por isso que o tema único desta reunião foi a regionalização.?

O Ir. Luís García Sobrado, de sua parte, pronunciou palavras de encorajamento. ?Numa visão de conjunto, esta Região, com 14% dos Irmãos abaixo de 40 anos, é um presente para o mundo, para a Igreja e para o Instituto. Ofereceu 28 Irmãos para o programa ?Ad gentes?. Vinte e oito Irmãos se deslocaram para outros campos de trabalho, encontraram dificuldade para aprender outros idiomas, mas dão prova de grande generosidade e nos desafiam. A regionalização facilitará a resposta a novos desafios e que são grandes. Provo certo desencanto quando os processos vão lentamente. Dentro de vinte anos, não haverá possibilidade; precisamos reconhecer a urgência. Não é possível esperar vinte anos para decidir algumas coisas nesta Região. Vamos unir os corações e as cabeças para responder aos desafios de hoje?.

O Ir. Emili Turú, coordenador dessa sessão, concluiu dizendo: ?A última palavra vamos dar a Maria. Vamos cantar o Magnificat, agradecendo com suas palavras o fato de dialogarmos e a riqueza de cada pessoa aqui presente.?

Atitudes e áreas de possível colaboração

Em seguida, reuniram-se os Conselhos provinciais para pensar como se posicionam enquanto Conselho, diante da Região, e para definir as áreas prioritárias para o Arco Norte. Algumas das contribuições trazidas ao plenário foram:

Os Irmãos manifestaram que estão de acordo com a regionalização, vendo-a com esperança e disponibilidade, embora enfatizem que é preciso mais conhecimento mútuo e que as coisas não estão maduras para inaugurar uma nova estrutura. As atitudes mais repetidas foram as de abertura, de escuta, diálogo e participação; desejo de acolher afetiva e efetivamente e com disponibilidade. Aceitação do intercâmbio de pessoas, de jovens ou de irmãos que queiram conhecer as comunidades e obras. Persistem, porém, os sentimentos de incerteza, ante a diversidade da região, e a expectativa face o pouco conhecimento das Províncias do Arco Norte. Será possível encontrar um ritmo comum, tendo presente a diversidade de línguas e culturas?

Para uma primeira colaboração foi apresentado um leque de áreas em que se poderia trabalhar unidos. Partindo dessa aproximação, os Conselhos tentarão concretizar, amanhã, as áreas em que vêem ser possível colaborar efetivamente.

Celebração e festa

No dia 07, os irmãos celebraram com alegria o aniversário do Ir. Maurice Berquet (61), Conselheiro geral, e do Ir. Javier López Godina Barajas (53), ecônomo provincial do México Ocidental. Violões bem temperados acompanharam o canto das ?mañanitas, interpretado por todos os presentes.

Pela tarde, tiveram a chance de ir até a cidade de Guadalajara para conhecer algumas ruas e monumentos. Depois, na capela foi celebrado fervoroso encontro orante, no término do qual, o Ir. Seán Sammon, Superior geral, apresentou a Sra. Élida Quiñones que será membro da comunidade de l?Hermitage. Ela é mãe de três filhos, já casados, que estudaram com os Irmãos, em Guadalajara. Desde há muitos anos, mantém estreita relação com os Irmãos e participou de três sessões de estudo sobre o Patrimônio marista, no CEPAM.

O jardim central da Universidade marista de Guadalajara foi o cenário escolhido para brindar os Irmãos do Conselho geral ampliado com um belo programa musical, interpretado pelos alunos e alunas da Primária do Colégio Cervantes, de Guadalajara.

Entre os cantos, intercalaram breves relatos da história dos Irmãos, no México. O Ir. Seán colheu a oportunidade para felicitar os alunos e seus professores e para agradecer a todos os que haviam preparado a festa. A ceia, animada com violinos, trombetas, harpa, violões e guitarras dos ?mariachi?, foi um espaço de fraternidade, partilhado com os Irmãos das comunidades de Guadalajara, presentes à festa.

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