Eu te amo como tu és !

Muito tempo já passou desde que o jovem padre que se exercitava em duras competições de canoagem nas correntezas do Monte Tatra teve que interromper um dos seus esportes favoritos para se apresentar ao Primado da Polônia e tomar conhecimento da sua nomeação como Bispo. Depois, quem não se recorda dele praticando ski ou escalando com um passo firme as montanhas que ele tanto ama? Quem não ficava encantado quando ele caminhava por entre uma grande multidão ou quando fugia do Vaticano, às escondidas, para gozar de um dia de liberdade?
Mas este tempo chegou ao fim para ele. Primeiramente uma bala de revólver, depois uma infecção, um tumor, uma fratura, a doença de Parkinson que aumenta e… o atleta de Deus torna-se pouco a pouco cada vez mais dependente de ajuda exterior. E quem esqueceu aquele dramático apelo que ele lançou ?Ajudem-me!? pronunciado em sua língua materna, durante a homilia de 15 de agosto de 2004, diante da gruta de Lourdes? Um enfermo entre os enfermos!

Eu tive o privilégio de conhecê-lo quando estava em plena forma da idade – Ir. Onorino Rota – , quando trabalhar com ele significava se cansar, quando fazer uma refeição com ele significava continuar com apetite, não somente porque ele comia pouco, mas também porque lançava muitas perguntas, objeções, idéias, etc.
O tempo passou e, sobretudo, muitas coisas aconteceram! Revendo a gravação do angelus do domingo dia 30 de janeiro de 2005, vejo o Papa que se esforça para fazer sair de seu quarto uma pomba que resiste em não querer voar, crianças que riem… e eu escuto o angelus do dia 06 de fevereiro, no Hospital Gemelli, o Vaticano número 3, como ele mesmo o chamou. Seus anos de juventude me vêm espontaneamente à mente… mas não posso fechar os olhos diante da realidade que tenho diante de mim, hoje. Meu coração é invadido por um turbilhão de pensamentos, de sentimentos, de emoções… Vem-me à mente o desejo de agradecer a Deus o dom do Papa e, apesar de tudo, sinto o dever de dizer ao papa: ?Eu te amo como tu és!?