26 de janeiro de 2011 ESPANHA

Evangelizar com o selo do novo

Estávamos todos: diretores, orientadores, coordenadores de pastoral e superiores de comunidade. A casa estava cheia: 130 participantes. E estávamos reunidos para falar de um tema nosso: a evangelização. Queremos fazê-lo COM O SELO DO NOVO. O lema, disse o Irmão Aureliano em sua saudação, já constitui um desafio.A oração inicial, dirigida pelo Ir. Benito Hinojal, fez-nos refletir sobre nossas fontes institucionais: ?Tu serás, hoje, Champagnat? e o Evangelho nos recorda que ?Maria dirigiu-se apressadamente às montanhas, a um povoado da Judeia… e saudou a Isabel? (Lc 1, 39).O Ir. Antonio Giménez saudou os presentes e ofereceu um motivo de animação para a Assembleia: ?Ide depressa para uma nova terra!? Falou-nos da necessidade de uma nova mensagem em ?terra nova?, a mudança de atitudes e de motivações dos jovens e o nosso permanente desafio de evangelizar, num mundo em mudanças. Sublinhou o título das intervenções previstas, já sugestivas em seu enunciado. ?UM MUNDO INVERTIDO? é a primeira colocação, apresentada por Pedro José Gómez. É professor de Economia mundial na Universidade Complutense de Madrid, mas sua ?profissão? é catequista e animador paroquial, tema de que nos falará. Inicia com as palavras de José Antonio Pagola: ?Jesus não é propriedade da Igreja, é patrimônio da Humanidade?. Assevera que se fala muito de mudanças climáticas, mas sem dúvida, mudaram mais os aspectos culturais e a forma de viver. Em nível catequético, quando muda o clima é preciso mudar a agricultura e as sementeiras. Há um desajuste cultural na mensagem cristã. A Igreja dá uma imagem anacrônica que, por outra, é falsa: há muitas instituições e pessoas oferecendo seu amor, seu sacrifício e solidariedade. Precisamos anunciar uma Igreja para os pobres e a partir da simplicidade da vida.?UM MUNDINHO DE QUIXOTES? é, segundo o professor Oscar Alonso, da Universidade de Alcalá de Henares, onde ? tendo o ?quixotismo? por filosofia de vida ? se move o educador e o catequista (educador do Evangelho). Um plano de pastoral colegial deve fazer-se duas perguntas prévias: onde estamos? E aonde queremos chegar? É bom perguntar-se também se o que faço hoje me aproxima do lugar onde quero estar amanhã.No planejamento colegial precisamos também evangelizar os professores com um programa de acompanhamento. É necessário analisar nossa vida e nosso trabalho, à luz do Evangelho de Jesus. No processo religioso escolar precisamos melhorar a linguagem, os conteúdos, as celebrações, os processos internos com ideais que entusiasmem e, em tudo, com o exemplo de vida.O Ir. Javier Grajera, por sua formação e experiência, conhece bem o ?mundo invertido? de nossos jovens e o ?mundinho de quixotes? de nossa pastoral colegial. Em sua colocação ? ?A PERMEABILIDADE DA PELE? ? analisou, com crítica espirituosa, nossas ações e resultados, propondo cinco pontos referenciais de uma plataforma catequética:? Experiência em vez de noções: partindo de experiências humanas profundas, favorecendo a aprendizagem personalizada e experimental, provocando experiências e contatos. Deve estar a serviço da vida: fazer viver e fazendo viver, ensinar a ser.? Provocadora, em lugar de herdada: cultivar a interioridade e a abertura à transcendência, provocar e despertar perguntas, propor a novidade da fé e da experiência; vinde e vereis; novidade e ruptura.? Conectada, em vez de isolada: responsabilidade comum e experiência partilhada, família e comunidade, proximidade eclesial, presença do Ressuscitado.? Personalizada, em vez de uniforme: capacitando para uma opção pessoal, procurando o exercício da liberdade, atenta aos processos mais do que aos programas, diversificando.? Acompanhada, em vez de estática: com a força do testemunho na comunidade, hermenêutica, maiêutica, propedêutica.Depois de cada exposição os grupos se reuniam para aprofundar o tema e para a troca de experiências. A participação tão ampla da Espanha, Itália, Líbano e Síria constituiu uma grande riqueza. Cada secretário de grupo remetia por e-mail as conclusões ao Ir. Juan Carlos Fuertes que apresentou à assembleia o resumo das equipes, depois publicado na página web ?Maristas Mediterrânea?.No fim da tarde do primeiro dia, o Ir. Ventura Pérez Marín, na Espanha para um tempo de descanso, informou sobre sua vivência de ?ad gentes?, em terras tailandesas. Falou das dificuldades da língua e da cultura. Faz falta esquecer o ?nosso? para acolher os novos costumes, sentimentos e vivências. É preciso despojar o Evangelho de sua marca ?ocidentalizada? para torná-lo compreensível e vivível em novas terras.A tarde do segundo dia foi dedicada à apresentação do documento ?PLANO DE EVANGELIZAÇÃO DOS CENTROS MARISTAS?. É um documento ?nascido da vida e da visão de um grupo? de pessoas convencidas do trabalho que fazem – ?acreditei, por isso falei? (Salmo 116), – nascido também ?a partir da consciência de sermos Província?, e por isso um documento dinâmico, flexível e aberto. Depois de algumas pistas de leitura, houve reunião por equipes locais para programar sua aplicação nos centros correspondentes: todo um caminho novo aberto ao futuro.O Ir. Provincial encerrou a Assembleia, agradecendo a colaboração de todos: organizadores e seu excelente trabalho de preparação e desenvolvimento; os participantes e seu espírito aberto e generoso na missão evangelizadora; o pessoal da Residência e suas atenções e profissionalismo; os tradutores e sua resistência e constância, etc. ?O roteiro da Evangelização está em vossas mãos ? disse ? e, a partir de agora, sois os protagonistas?. A Eucaristia final nos recolheu em torno da Boa-nova de Jesus Ressuscitado e Salvador.Guardamar, 13, 14 e 15 de janeiro de 2011.

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