Irmãos Formadores para um Mundo Novo
É surpreendente observar um ferreiro malhar o ferro frio no fogo da forja, até chegar à brasa viva e torná-lo um metal mole, maleável, disposto e disponível, para transformar-se, pela habilidade do ferreiro, em uma obra de arte ou um instrumento útil, forte e nobre. Assim são nossas vidas, passo a passo, moldadas com as ferramentas de cada dia na experiência de “Irmãos Formadores para um Mundo Novo”.
Há mais de dois meses partilhamos nossas experiências e, nesta quarta crônica, vamos compartilhar nossos últimos movimentos:
De 4 a 24 de junho, vivemos a experiência de l’Hermitage. Ali nos encontramos com os nossos Irmãos de Manziana que seguem a mesma formação. L’Hermitage, Rosey, Marlhes, Palais, Le Bessat, Le Pitié, Masonnettes, Le Puy, Sendero Champagnat, Taizé, Genebra, Fourviéres e muitos outros lugares cativaram nosso coração, assim como João Batista e Maria Teresa, Luís e Lorenzo, Antonio e Francisco, João Pedro e Estanislau, João Batista e Doroteo, Hipólito e João Maria, Jerônimo e Buenaventura, Silvestre e Luis Maria, Avit e muitos outros que cinzelaram nosso espírito de formadores. Obrigado, irmãos e leigas da Comunidade de l’Hermitage pela experiência marista que nos ajudaram a viver.
De volta ao Escorial, o Ir. Afonso Murad nos brindou com sua sabedoria mariana ampliando nossa mente com a história da mariologia, Maria no Evangelho de Lucas, em Caná e ao pé da cruz (João), os dogmas marianos, a devoção e a liturgia, Maria no ecumenismo, as aparições e visões. Finalmente dedicamos um espaço para a reflexão sobre a pessoa de Maria na Formação Inicial Marista. Ela nos ajuda a enriquecer nossa espiritualidade “mariana e apostólica”.
Em seguida tivemos uma semana de oficina sobre “a escola da escuta” com o Ir. Joarès Pinheiro. Aprendemos a diferenciar o importante do significativo em nossas vidas, dialogamos sobre quem precisa de ajuda e quem pode ajudar, preparamos nossos ambientes internos e externos para a escuta, aprendemos a acolher, exercitamos a aceitação, observamos, escutamos e fomos escutados, refletimos sobre os conteúdos, os sentimentos e o comportamento das pessoas. Em suma, capacitamo-nos um pouco mais para esse instrumento tão apropriado para os formadores: a acolhida e a escuta.
O Ir. Iñigo Blanco foi escolhido para a reflexão sobre a Solidariedade. Nosso primeiro olhar se dirigiu aos destaques maristas: a educação, a Evangelização, a solidariedade e os direitos das crianças. Aprendemos, sobretudo, que a solidariedade é uma atitude pessoal, um estilo de vida concreto que começa com a transformação pessoal que me leva a relacionar de forma especial com os outros e a me envolver com a transformação social. Finalmente aprendemos o acompanhamento do voluntariado e a educação na gratuidade. Preparamo-nos assim para a experiência solidária.
Na segunda dezena de julho realizamos uma excelente experiência solidária. Foi adequada e amplamente preparada conforme os desejos e as projeções de cada um, combinando também com as diferentes qualidades pessoais. Um Irmão se dirigiu à Comunidade Marista de Rubí a serviço das crianças. Outros foram à Comunidade de San Juan de Dios (Valladolid) para servir aos enfermos. Outros Irmãos escolheram ser bons samaritanos na Comunidade da Romênia. Quatro Irmãos decidiram viver a solidariedade no dia a dia do Caminho de Santiago, enquanto um Irmão viajou a Lima para participar do Capítulo Provincial e três viveram sua generosidade entre as crianças necessitadas de Ermesinde (Portugal). A comunhão e a oração garantiu nossa unidade. Diversos serviços e experiências serviram para exercitar o coração aberto, a mão bondosa do mesmo Jesus e o amor de Deus para cada um de nós.
Aproveitando o calor do verão, fomos passar alguns dias de descanso e férias. De início, tivemos alguns dias pessoais, quando a maioria dos Irmãos optou por viajar para a Itália para conhecer a Casa Geral, o Vaticano e alguns outros lugares. Outros preferiram ir a algum lugar nas redondezas ou visitar amigos e familiares. Tivemos também 10 dias de férias comunitárias. Juntos, em comunidade, fomos a Portugal, onde pudemos apreciar a vida fraterna e apostólica dos Irmãos, além de conhecer alguns lugares encantadores. Vouzela, Ermesinde, Porto, Fátima e Lisboa foram as regiões onde permanecemos por mais tempo e aproveitamos para desfrutar o descanso, a fraternidade, a acolhida e o lazer. Agradecemos de coração os Irmãos de Portugal.
De volta do descanso, retomamos nosso programa de formação. O Irmão Manel Mendoza apresentou toda a sua experiência e conhecimento da FMSI, as Nações Unidas, os Direitos Humanos e a defesa dos Direitos das Crianças. Novamente refletimos sobre essas opções da Congregação em torno do enfoque dos direitos, sobretudo alimentando nosso interesse nas etapas da Formação Inicial. A pergunta é: O que devemos fazer, como formadores, para educar os nossos Irmãos jovens na promoção e na defesa dos direitos das crianças e dos direitos humanos?
Finalmente, com o Ir. Lluis Serra, dedicamos 4 dias intensos para conhecer, estudar e aprofundar o eneagrama. Admiramos seu conhecimento sobre a anatomia psicologia das paixões dominantes e identificamos cada Irmão com alguma categoria ou tipo. Dialogamos em grupo, em pares, partilhamos nas oficinas, tiramos as dúvidas e fomos nos conhecendo um pouco mais a cada dia.
E assim, na simplicidade de cada momento e nos acontecimentos cotidianos, vamos crescendo e nos desenvolvendo, pois nossa missão de formadores implica estar em perfeita paz, donos e e conhecedores de nós mesmos. O cuidado com nossa espiritualidade, o exercício da vida fraterna, a partilha, o trabalho manual, o acompanhamento pessoal, os pequenos detalhes e as demais instâncias de nossa vida nos colocam na forja, esse lugar especial onde o Deus-ferreiro vai nos moldando a seu gosto, com suas mãos criativas e seus olhos de artista, de acordo com o seu projeto para nossos vidas. Nosso tempo de formação vai avançando e continuamos deixando que Deus entre em nossas vidas e em nosso coração na tarefa de ser Irmãos Formadores para um Mundo Novo.