Carta a Marcelino

Pe. Ferreol Douillet

1835-06-14

Entre a carta anterior do Pe. Douillet e esta, há um intervalo de apenas dez dias. Nesse espaço de tempo o Ir. Louis-Marie tinha recebido o encargo de sondar as verdadeiras intenções do Pe. Douillet em relação aos Irmãos. No seu arguto relatório o Ir. Louis-Marie deve ter salientado que a preocupação maior do sacerdote era aproveitar a presença dos Irmãos para salvaguardar as obras que havia estabelecido antes: pensionato e escola normal. Esta carta do Pe. Douillet é a sua defesa, protestando apoio, respeito e ajuda à obra dos Irmãos. Desculpa-se da impossibilidade em que esteve de ir a l´Hermitage para tratar pessoalmente com o Pe. Champagnat. Recorda a influência de que goza junto às autoridades e oferece-se para ajudar a Sociedade de Maria.

La Côte, l4 de junho de 1835.

Senhor Superior:

Depois de ter-me colocado na presença do Deus de toda a verdade, depois de ter recitado o veni, sancte e a ave, Maria, tenho a honra de vos assegurar, com toda a sinceridade de que sou capaz, que a exposição que me fez o Irmão Louis leva a erro: nunca tive a menor idéia nem a menor tentação de desdizer-me acerca da feliz afiliação que operamos de comum acordo e que sempre considerei consumada entre nós.

Espero que o nosso bom Mestre não me abandone, a ponto de me deixar sucumbir no pensamento de provocar ou mesmo de aprovar o escândalo de uma ruptura que não poderia ser senão funesta à Sociedade de Maria e à nossa santa religião.

Rogo-vos que creiais, senhor Superior, que os meus sentimentos não foram compreendidos, que as minhas cartas foram mal interpretadas; também se considere a quase impossibilidade em que estive de ir entrevistar-me convosco, malgrado o grande desejo que tinha. Não tenho outra pretensão senão aproveitar-me da minha posição na diocese de Grenoble para fazer crescer, no que depende de mim, a obra de Maria, que me encantou desde que a conheci.

Tenho a firme confiança de que esta profissão de fé bastará para dissipar toda a espécie de nuvem. Se, porém, julgais útil ou necessário que eu me dirija a l?Hermitage, irei de boa mente. Se ocorrer ainda algo semelhante, rogo-vos, sr. Superior, permiti que assuma sozinho toda a culpa, como na sorte de Jonas, antes que pensar em fazer tão desolador estrago na embarcação.

Com o mais profundo respeito e com a mais sincera dedicação, sr. superior, sou o vosso muito humilde e muito obediente servidor, DOUILLET.

Edição: S. Marcelino Champagnat: Cartas recebidas. Ivo Strobino e Virgílio Balestro (org.) Ed. Champagnat, 2002

fonte: AFM 127.05

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