Carta de Marcelino – 086

Marcellin Champagnat

1837-01-21

O Irmão Louis-Marie desabafa com seu Superior: La Marthe nous vexe toujours. A tal irmã Marta continua a nos importunar, e acrescenta: Mas, isto não é o maior obstáculo, se aquilo que sobra for imputado à conta do Padre Douillet. O coração do pobre diretor transbordou de amargura. Depois reconheceu que tinha exagerado até, mas é que a situação não estava nada tranqüila, apesar de todos os esforços de Champagnat para fazer com que os Irmãos vivessem mais independentes e sossegados. A resposta de Champagnat vai repassada de prudência e discrição. Os 2.400 francos a que alude no final da carta referem-se às economias dos Irmãos que o Padre Douillet guardava ciosamente, para eventuais consertos de que sua casa necessitasse.

Meu caríssimo Irmão Louis-Marie,
Compartilho de modo especial todos os contratempos que você suporta em La Côte. Não se perturbe pelo que nos possa acontecer. Procure cumprir suas obrigações do melhor modo que puder, para com o Padre Douillet, para com os alunos que lhe são confiados, sobretudo para com os Irmãos que vivem com você. Quando o despedirem, você virá para cá; encontraremos trabalho e comida para você, com a ajuda de Deus. Até lá, faça todo o bem que estiver ao seu alcance. Proceda com muita prudência; à medida que descobrir alguma novidade, trate de me informar.
Mande-nos os noviços que julga serem aptos para a nossa obra, nós os receberemos. Temos recebido bom número deles de um tempo para cá. S. Excia. o senhor Arcebispo de Albi pede que abramos um noviciado naquela diocese, e o bispo de Belley, outro.
Não vamos provocar nossa saída do Dauphiné, mas nos submeteremos resignadamente ao que for determinado, adorando os desígnios da divina Providência a nosso respeito. Não façamos nada por merecer a expulsão, e saibamos nos submeter, se isto acontecer.
Não viajarei para La Côte, a menos que você torne a escrever, reclamando a minha presença. Não vejo saída para este caso. Talvez lhe mande o Irmão Jean-Baptiste na qualidade de visitador.
Deixo à sua discrição aquilo que os acontecimentos o levarem a dizer ao Padre Douillet. Se você sair de La Côte, ganharemos dois mil e quatrocentos francos. Se ganhar dinheiro fosse nosso objetivo, mandaria que você saísse quanto antes.
Adeus, meu caro Irmão, deixo-o nos sagrados Corações de Jesus e de Maria.

P.S. Na primeira ocasião lhe mandaremos a Regra, que está muito bem impressa.

Edição: Marcelino Champagnat. Cartas - SIMAR, São Paulo, 1997

fonte: Daprès la minute AFM, RCLA 1, pp. 27-28 nº 10; éditée en CSG I, p. 217 et en AAA pp. 207-208

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