Carta de Marcelino – 170

Marcellin Champagnat

1838-01-25

Do Seminário das Missões Estrangeiras de Paris, o Padre Champagnat escreve ao Irmão François, para lhe dar notícias dos três dias de viagem - 15 a 18 de janeiro - e dos primeiros oito dias de peregrinação de um ministério a outro.
Apesar do frio, apesar da morosidade do processo e da pouca vontade dos responsáveis pelo andamento do mesmo, estamos bem resolvidos a não desistir, escreve o Padre, até que tenhamos conseguido o que desejamos?. Esse ATÉ QUE foi longe!...

V.J.M.J.
do Seminário das Missões Estrangeiras, Paris, 25 de janeiro de 1838.
Meu caríssimo Irmão,
Já faz oito dias que chegamos aqui, não sem ter sofrido de diversos modos, como bem pode você imaginar. Já andamos muito em Paris e fizemos muitas visitas, e ainda não chegamos ao fim. Mil vezes bendito seja Deus!
Todas as pessoas que entrevistamos parecem interessar-se muito por nossa causa. Não acredito que o senhor Ardaillon tivesse feito muita coisa se não tivéssemos vindo. Continue a recomendar insistentemente o problema a Deus e à sua Santa Mãe. Sem isto, que poderíamos nós? Temos esperança que vai dar certo.
Mande-me logo duas dúzias de prospectos, só amarrados com fita como você sabe que precisa fazer para que o porte não saia caro demais.
Eu vou bem, assim como o Padre Chanut. Só o que nos incomoda é o frio, por causa da carestia de combustível. Nós nos aquecemos correndo de um para outro. Desde que chegamos aqui não paramos de correr.
Não caiu neve, mas geada é que não falta. A água que nos servem nos quartos fica gelada, tanto de dia como de noite. Faz alguns dias o frio está recomeçando.
Estamos bem resolvidos a não desistir até que tenhamos conseguido o que desejamos. O Ministro nos disse que precisávamos levar nosso requerimento ao conselho de Estado, e que a resposta iria demorar umas três semanas. Mesmo que precisássemos de três meses, estamos resolvidos a prosseguir até o fim.
Estou escrevendo à medida que os assuntos me vêm à cabeça. É que ando com tanta pressa! Dentro de poucos dias, dir-lhe-ei em que pé estamos.
Cuide de tudo, como lhe disse. Nos casos difíceis, entenda-se com os Padres Matricon e Terraillon.
Deixamos o hotel de Bon Lafontaine para ficar no Seminário das Missões Estrangeiras, na Rue Du Bac, 120. Não revisei.
As espórtulas de nossas Missas servem para pagar a nossa pensão.
Adeus, querido Irmão. Mil saudações aos bons Padres Besson, Matricon, aos demais Padres que perguntarem por nós, aos queridos Irmãos Jean Baptiste, Stanislas, Jean Marie e a todos da casa.
Champagnat
sup. d. Irs.

Edição: Marcelino Champagnat. Cartas - SIMAR, São Paulo, 1997

fonte: Daprès lexpédition autographe AFM 111.31, éditée dans CSG 1, p. 246 et dans AAA pp. 231-232

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