Carta de Marcelino – 281

Marcellin Champagnat

1839-10-19

O senhor Victor Dugas era o Presidente do conselho de administração das Casas de Assistência social de Saint-Chamond. O Irmão Avit, nos seus Anais sobre o Orfanato de Saint- Chamond faz notar que os pobrezinhos dos órfãos eram, às vezes, tratados com excessiva severidade.
Seria por causa disto que o Presidente do Conselho de Administração pediu ao Padre Champagnat que trocasse o Diretor? Dentro de alguns meses o Fundador mandaria o Diretor para as Missões.
Foi nas Missões da Nova Caledônia que o Irmão Claude Marie (Jean-Claude Bertrand) experimentou a dureza do trabalho missionário e a grande cruz da obediência religiosa.
Desembarcado em Kororareka, aos 11 de julho de 1840, foi designado para o posto missionário de Hokianga.
?Foi lá que tive que amargar a maior decepção de minha vida, escreve ele. Minha ocupação não era a que eu projetava quando parti para as Missões, mas que a santa vontade de Deus seja feita! Cozinha e trabalho, aí está o que tocou para mim. Com enorme pesar tive que largar meu pobre hábito marista! Como me foi dura esta prova!
Após muitos trabalhos e provações de vária natureza, o santo religioso entregou sua alma a Deus em Nelson, na Nova Zelândia, aos 5 de novembro de 1893, com 80 anos.

Prezado senhor,
Eu pretendia dar uma chegada até Saint-Chamond para me entender com o senhor a respeito do pessoal do seu estabelecimento. Não me foi possível, devido à partida de nossos Irmãos. Resolvi então escrever para lhe dar a conhecer o motivo que me levou a nada mudar por enquanto.
O Irmão Augustin está com muito receio de ser nomeado Diretor. Ele gosta do Irmão Claude Marie e se dá bem com ele. Para que uma casa ande bem, é ponto importantíssimo haver união entre o Irmão Diretor e os seus auxiliares. Penso que se animarmos o bom Irmão Claude Marie, ele se doará totalmente e sem meias medidas para fazer o que lhe compete. O Irmão é obediente, é piedoso, mostrar-se-á dócil às observações que eu lhe fizer e saberá tirar proveito delas.
Quanto ao mais, senhor Dugas, é meu grande desejo entender-me com o senhor para conseguirmos o bom andamento deste estabelecimento pelo qual me interesso sobremaneira.
Não há nada que eu não esteja disposto a fazer para manifestar-lhe minha gratidão e meu empenho. Sempre considerarei como obrigação, e também como prazer, tomar todas as medidas possíveis para fazer prosperar a boa obra cuja direção está confiada a seus generosos cuidados.
Aproveito o ensejo para reiterar-lhe que a Sociedade dos Irmãos de Maria conservará para sempre em relação à sua pessoa a mais viva e profunda gratidão pelas benemerências que o senhor teve para com ela.
Na verdade, a simpática cidade de Saint-Chamond tem sido para conosco uma providência viva e diária; mas, quanto devemos em particular à sua piedosa e benevolente caridade!
Queira receber uma vez mais meus sinceros agradecimentos e fique certo que não deixarei passar nenhuma ocasião para lhe provar que eu tenho que ser, senhor Dugas, com o maior respeito e atenção, seu humilde e atento servidor,
Champagnat
Notre Dame de l?Hermitage, sur Saint-Chamond, 19 de outubro de 1839.

Edição: Marcelino Champagnat. Cartas - SIMAR, São Paulo, 1997

fonte: D?après l?expédition qui se trouve chez Mr. Bernard de Boissieu, à Saint-Chamond

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