Maristas azuis
Graças ao apoio do BICE realizou-se nos dias 26 a 29 de setembro uma capacitação sobre Tutores de Resiliência com os Maristas Azuis de Alepo, Síria. Verônica Hurtubia, a especialista da Universidade Católica de Milão, que teve a função de organiza-lo, conta-nos sua experiência.
“O que mais me apavora é o silêncio deste lugar… o silêncio que só a morte pode trazer…” As palavras de Leila ficaram marcadas na minha mente, enquanto passeávamos pelos labirintos do antigo mercado de Alepo. Dor, esquecimento, destruição, parques que se transformaram em cemitérios, crianças sem identidade, fechadas nas casas onde nasceram e cresceram escutando o som das bombas que ainda hoje se ouvem pela cidade. Estes podem ser os elementos que compõe hoje um postal de Alepo.
Sem dúvida, sob os escombros começa novamente a nascer vida, graças à força e a coragem do povo que deseja seguir adiante sem rancor, um povo que trabalha para curar suas feridas transformando a dor em resiliência.
Apesar do horror que traz uma guerra, o testemunho dos 26 educadores que participaram do curso Tutores de Resiliência no Centro Maristas Azuis, são um tesouro que nos ensina amor, compromisso e lealdade para com o ser humano.
A formação abarcou desde as experiências pessoais dos educadores até a problemática das crianças. Isto é necessário para projetar estratégias de promoção da resiliência nas crianças que frequentam o Centro Maristas Azuis.
Foram quatro dias intensos de formação onde aprofundamos o conceito de resiliência a partir de uma nova perspectiva: um enfoque ativo e positivo que não se limita ao esquecimento dos maus momentos e destaca a transformação da dor e a projeção para o futuro. Não se trata simplesmente de pensar que a guerra terminou e que a vida quotidiana será como antes da primeira bomba.
Assim foi como avançamos na aventura da resiliência, que começou há um ano quando um grupo de educadores dos Maristas Azuis viajou até o Líbano (Projeto Fratelli) para seguir um curso de Introdução à Resiliência. Atualmente, a colaboração entre Maristas Azuis e o Projeto Fratelli continua com programas sobre educação e resiliência, focados nas crianças de idade pré-escolar e primária.
Esta metodologia permitiu que os educadores redescobrissem suas próprias capacidades, decidissem voltar a sonhar, partilhar o desejo de criar um museu da memória, fortalecer-se como grupo e reconhecer o valor que tem a comunidade, além da religião. Todos estes são frutos que nos deixa a resiliência, são sementes que devemos cultivar com os educadores e com as crianças e adolescentes. Muito obrigado a todos os parceiros que tornaram possível esta missão.
Além de Alepo e Líbano, estão desenvolvendo outras capacitações sobre resiliência em Andaluzia (Espanha) e Haiti.