Partilhando 18 – A Vocação Marista Laical

Boletim do laicado marista

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A VOCAÇÃO MARISTA LAICAL
Cuidar desse dom

Estamos imersos em pleno “Ano das Vocações Marista”, que celebramos como Família Carismática Global em todo mundo marista. Uma celebração que nos convida a “cuidar e gerar vida marista”. O que significa este convite no contexto de nossa Europa Marista e, mais concretamente, para o Laicato Marista deste velho continente?

Cuidar nos evoca tempos de qualidade, para o encontro com o Deus que habita em nós, para a escuta do que pulsa em nosso interior, para o “perder tempo” com nossos irmãos e irmãs no caminho da vida. Especialmente, falamos de alguém quando está numa situação de fragilidade e vulnerabilidade.

Como Maristas Leigos somos chamados a cuidar daqueles que estão no ocaso de sua vida, nossos anciãos, que a sociedade europeia considera, em várias situações, como inúteis. Somos chamados a cuidar de nossas crianças e jovens, sobretudo daqueles que vivem situações provocadas pelos processos de exclusão e descarte; os que são vítimas de maltratos, da falta de carinho ou das rupturas familiares. E somos chamados, como leremos na reflexão de fundo deste número do boletim “Compartilhando”, a cuidar da vida daqueles que chegam a nossos países como migrantes e refugiados, porque necessitam encontrar um lugar no mundo onde possam viver com dignidade e sentir a luz e o calor de um lar.

Gerar nos evoca palavras como doação, generosidade, entrega, criatividade, resposta… E, se falamos de “gerar vida marista”, nos impulsiona a sermos testemunhas de uma vida com sentido, aquela que tem suas raízes no Evangelho de Jesus, e se expressa com um estilho simples e fraterno, como o de Maria e do Padre Champagnat. Não bastam os esforços e os planos, os recursos e os materiais ou ideias mais ou menos inovadoras para gerar vida. Faz-se cada vez mais necessário que as pessoas percebam vidas significativas, fraternas, evangélicas. Em resumo, vidas de pessoas com vocação, em estado de missão, com uma espiritualidade profunda e com um jeito “mariano” de viver e ser Igreja.

No marco deste Ano das Vocações Maristas, o “Fórum Internacional sobre a Vocação Marista Leiga” (Roma, 4-11 de novembro de 2022) será uma oportunidade para ACOLHER esta vocação que o Espírito já espalhou por várias partes do mundo marista; para continuar propondo caminho, meios, pistas e itinerários que ajudem a CUIDAR deste dom; para ser expressão de uma forma de VIVER que nos anima a estar apaixonados com este estilo marista de ser pessoas e cristãos, sendo compassivos com a realidade das pessoas, sejam aquelas mais próximas ou aquelas mais distantes; para ser, definitivamente, pessoas comprometidas com o presente e com o futuro do carisma marista, porque nos importam as vidas das crianças e dos jovens de agora e de sempre, e porque não temos outro remédio que PARTILHAR o dom da vocação que recebemos, que não é para outra coisa senão para a Missão.

A edição deste mês foi preparada pela Região da Europa

O desafio das pessoas migrantes e dos refugiados para o laicato marista

Nacho Casamayor e José Antonio Paredes – Equipe Provincial de Solidaridade – Provincia Mediterrânea

O que nos incomoda como Maristas de Champagnat? O que nos incomoda como cristão ou cristã? Retomando estas perguntas, diretas e pessoais, lançadas pelo Irmão Luis Carlos Gutiérrez (Vigário Geral) no encontro presencial de formação sobre liderança Marista em Porto Alegre, começamos este artigo que pretende ser uma reflexão para nós, Leigos e Leigas Maristas.

Com toda humildade possível e necessária para colocar na boca de São Marcelino Champagnat uma resposta, não teríamos nenhuma dúvida que, se ele vivesse no mundo atual, a respostas que nos transmitiria a cada um e a cada uma seria o sentimento de uma dor provocada pela situação de injustiça que sofrem as pessoas migrantes e refugiadas, especialmente os grupos mais vulneráveis. A humanidade tem estado em constante movimento desde os tempos mais antigos e as causas desses deslocamentos são diversos. Algumas pessoas migram para buscar novas oportunidades econômicas ou novos horizontes de trabalho. Outras pretendem escapar da pobreza ou da insegurança alimentar provocada por múltiplos fatores socioeconômicos. Os conflitos armados, o terrorismo, as perseguições por razões religiosas, ideológicas, de gênero, de orientação sexual ou por motivos políticos e, sobretudo, os abusos dos direitos humanos são alguns dos motivos que desencadeiam esses fluxos migratórios. Nesses últimos tempos, dois cenários se somaram a esta lista de causas: o primeiro em consequências adversas da mudança climática ou desastres naturais (alguns dos quais podem estar vinculados às mudanças climáticas) ou outros fatores ambientais, e, por outro lado, a crise sociosanitária desencadeada pela pandemia do vírus Covid-19. Muitas pessoas migraram, de fato, devido a uma ou várias dessas razões.

Atualmente, estamos presenciando uma mobilidade que tem alcançado um nível sem precedentes. Cresceu o número de pessoas que vivem em um país diferente daquele onde nasceram, e o número de migrantes cresce num ritmo maior do que o do crescimento da população mundial. Os números são estarrecedores: no mundo há 89,3 milhões de migrantes, dos quais 27,1 milhões são refugiados e 4,6 milhões são solicitantes de asilo político em outro país (Relatório da UCNUR – Agência da ONU para os Refugiados – 2021).

Diante desta realidade, que não é nova para nós, o povo de Israel viveu a experiência de “ser escravo em terra estrangeira”. O Papa Francisco nos fala alto e claro sobre o que deveria ser nosso posicionamento e desafio ao mesmo tempo: “Como são belas as cidades que superam a desconfiança doentia e integram os que são diferentes, fazendo desta integração um novo factor de progresso! Como são encantadoras as cidades que, já no seu projecto arquitectónico, estão cheias de espaços que unem, relacionam, favorecem o reconhecimento do outro! (Evangelii Gaudium 210). O Papa Francisco enfatiza a importância de nos aproximarmos da dura realidade dessas pessoas “para servi-las”, saindo ao encontro de seus sofrimentos e necessidades, sem cair nos medos e preconceitos, “tantos preconceitos que nos fazem manter a distância com outras pessoas e a miúde nos impedem de nos aproximarmos como próximos e servi-las com Amor”.

Compromisso e desafio ao mesmo tempo, já que estamos diante de um claro apelo constante para a acolhida, acompanhamento e inclusão, caminho que devemos percorrer de maneira comunitária e em favor da construção do Reino de Deus.

A acolhida
Neste mundo sentimos o chamado à fraternidade universal e, como maristas, queremos ser rosto mariano de uma Igreja pobre e servidora” (Ir. Juan Carlos Fuertes – Vozes Maristas: Ensaios sobre Liderança Profética e Servidora). Este apelo nos convida a sermos parte de uma Igreja acolhedora na perspectiva da vulnerabilidade de nossas vidas, daquilo que somos e com a capacidade de nos deixarmos interpelar e questionar pela pessoa acolhida.

Este convite também traz implícita uma saída ao encontro, como Maria, pois estamos sendo chamados a começar nossa acolhida como atitude de busca e de abraço que brotam de nosso interior.

O acompanhamento
Não é possível estar ao lado do próximo que sofre e entendê-lo a partir de um ponto de vista vertical, como alerta os documentos do XXII Capítulo Geral: “É um apelo urgente a […] fugir de abordagens paternalistas e empoderar aqueles que não têm voz; a incrementar uma presença significativa entre as crianças e jovens nas margens do mundo”.

Não estamos sendo chamados pois a sofrer “por” ou “a partir de”, nem a simplesmente “compadecer-nos”, senão que nos convida, como Leigos e Leigas Maristas, à entrega baseada no serviço e, a partir daí, sofrer “com” aquelas pessoas que mais necessitam. Nossa missão deve nascer a partir da experiência do encontro (Evangellii Gaudium, 220), confrontando as realidades emergentes na perspectiva do encontro com Deus, conosco mesmos e com os demais.

A Inclusão
Trabalhamos na perspectiva de um compromisso firme, não para criar espaços de acolhida, senão para ser acolhida inclusiva na concepção de uma vida cotidiana de nossas obras, comunidades, cidades… A inclusão deve ser o resultado final de nosso caminho, transitando pelos dois passos que descrevemos: uma acolhida fundada na humildade e no serviço de igual para igual, e um acompanhamento “com” e ao lado das pessoas mais indefesas de nossas injustas sociedades.

Como Maristas na Europa, já foram dados muitos passos e construindo realidades concretas que, sem dúvida, valem a pena e nos fazem estar mais próximos do sonho de Champagnat. São muitas as obras sociais e projetos que acolhem, acompanham e incluem todas as pessoas e realidades que batem à porta de nossa realidade.

Para concluir gostaríamos de voltar ao começo… O que nos incomoda? A Champagnat lhe incomodava as realidades de injustiça de seu tempo e isso o fez mover-se ética e espiritualmente. Como maristas devemos abraçar esse compromisso e fazendo dele um estilo de vida que nos leve a ser faróis em situações muito concretas de exclusão, tendo uma atitude muito concreta em relação a acolhida de todas as pessoas apoiando-nos na oração e no discernimento. Ser hoje Champagnat!


Fórum Internacional sobre a Vocação Marista Laical

3a Etapa – 4 – 11 noviembre 2022

Secretariado dos Leigos

Estamos próximos de começar, no dia 04 de novembro, o Fórum Internacional sobre a Vocação Marista Leiga, em sua fase internacional presencial. Acontecerá em Roma, na casa de espiritualidade “Nossa Senhora Mãe da Misericórdia”.

Neste fórum estarão presentes 92 participantes: representantes de todas as Unidades Administrativas do Instituto e da Administração Geral, os Irmãos do Conselho Geral, os diretores do Secretariado Irmãos Hoje e os membros do Secretariado de Leigos ampliado. Além disso, haverá vários Irmãos e leigos que desempenharão tarefas de apoio e suporte: facilidades, tradutores, ambientação e celebração, secretaria, comunicação… contaremos, também, com a inestimável ajuda da comunidade de Irmãos da Casa Geral e dos membros dos diferentes secretariados e equipes da Administração Geral.

Partindo das contribuições realizadas por cada Unidade Administrativa durante as fases local e provincial do Fórum, e colocando-nos em atitude de escuta profunda o Espírito, serão abordados os 4 objetivos desse processo de reflexão e discernimento que nos conduzirão até o final de 2024. Estes objetivos são: 1) Aprofundar a compreensão da vocação marista, com particular acento sobre a vocação marista leiga. 2) Revisar e oferecer processos e itinerários de formação e acompanhamento da vocação marista leiga. 3) Refletir e propor possíveis formas de vinculação ao Carisma marista. 4) Conhecer, refletir, explorar e propor possibilidades de estruturas jurídicas (civis e/ou canônicas) para o laicato marista.

Entre os dias 4 e 11 de novembro nos encontraremos como Família Carismática Global, para continuar vislumbrando novos caminhos e tomando decisões de frente para o futuro, visando a vitalidade do nosso carisma marista, tratando de descobrir como vivê-lo com um rosto e expressão especificamente leiga.

No link a seguir você poderá ter acesso a notícias, fotos e reflexões que irão acontecendo durante esses dias: 3a Etapa do Fórum Internacional sobre a Vocação Marista Laical


Província Compostela

Para educar precisamos amar

Inma Dueñas – Valladolid, Espanha

Sou marista de profissão e vocação; esposa e mãe maristas; professora do Infantil em um colégio Marista – Centro Cultural Vallisoletano de Valladolid.

Desde que entrei para o colégio senti a necessidade de conhecer Marcelino Champagnat, porque me identifiquei com a frase: “Para bem educar é preciso amar”. Sempre tive presente esta frase para trabalhar com as crianças e isso me levou a percorrer diferentes itinerários que, na Província de Compostela, foram sendo oferecidos como formação, e me ajudaram a crescer como pessoa, educadora e leiga marista.

Realizar o itinerário de Vida Marista de aprofundamento tem sido uma experiência de crescimento pessoal que tem me ajudado a estar mais centrada em mim mesma, a conhecer-me, a dar-me conta de que tenho que dedicar-me tempo, cuidar-me para poder cuidar melhor dos demais.
As diferentes dinâmicas e experiências que vivenciadas em cada final de semana foram um leque completo para crescer em nível espiritual, contribuindo com as minhas meditações, ajudando-me, assim, a trabalhar melhor com meus alunos. Viver essas dinâmicas na companhia de Irmãos e Leigos me fizeram dar-me conta do presente que recebemos quando nossas experiências se cruzam e isso me fortalece como ser marista

O itinerário de vida marista é um presente

María Ramos – Burgos, Espanha

Trabalho no setor da administração do Colégio Marista Liceo Castilla de Burgos há nove anos. Desde criança tenho vivido minha fé em grupo, uma característica que tem me acompanhado no caminho da espiritualidade e do crescimento pessoal. No entanto, com o passar do tempo e devido a várias circunstâncias, como viver em vários lugares, realizar a etapa universitária, formar família ou a perda do apego àquele grupo, me deixaram um pouco perdida na dimensão da espiritualidade. Por isso, o itinerário tem sido um presente para mim nessa etapa da vida adulta.

A vida simples de Marcelino foi para mim uma redescoberta da espiritualidade. É claro que houve um convite à busca pessoal desse eu maravilhoso que somos. Isso tem me permitido fazer parte de uma grande família e assumir como missão pessoal a transmissão dos valores que são ensinados, recebemos e são descobertos, tanto no colégio com os alunos e companheiros, como em minha família.
Ser uma pequena rama da árvore genealógica da Família Marista é uma honra e um compromisso de vida para mim. Sinto que com a seiva que recebo de suas raízes poderei dar valiosos frutos, porque sentir que somos parte de algo é deixar correr nas veias a vida que há nisso. Para mim, ser Leiga Marista é receber a vida e doá-la em abundância.


Província L’Hermitage

Uma grande mudança interior

Jordi Cunillera – Catalunha

O processo de formação e discernimento da minha vocação leiga marista, o itinerário de aprofundamento marista proposto pela Província L’Hermitage aconteceu de novembro de 2019 até julho de 2021, e em março de 2022, o compromisso público de vinculação ao carisma marista.

Se me perguntarem que mudanças percebi em minha vida depois desses passos, a resposta pode ser: “exteriormente, talvez nenhuma mudança; porém, uma grande mudança interior”. Acredito que externamente ninguém percebeu nenhuma mudança, pois continuo trabalhando na mesma empresa, continuo morando na mesma casa, continuo partilhando meu dia a dia com as mesmas pessoas. Porém, a leitura dos textos propostos durante os quase dois anos do itinerário de aprofundamento marista, a reflexão posterior a essa leitura, o diálogo com meu acompanhante (grande experiência: obrigada pelo acompanhamento recebido), o pedido de vinculação ao carisma marista, tudo isso me ajudou a olhar para o meu interior, a dar respostas a perguntas que nunca havia feito antes, a crescer como cristã e marista, a confirmar que é assim que eu quero viver. E isso me faz muito feliz, mesmo que externamente não se perceba nenhuma mudança.

Tornar presente o Reino de Deus

Dolores Comas – Catalunha

Realizar o itinerário de aprofundamento marista e ter feito o compromisso público com o carisma marista me ajudaram a repensar o fundamental do carisma que nos legou o Padre Marcelino, que é amar aos outros, assim como fazem os Irmãos, de maneira simples, amável, servidora, doce, no estilo de Maria, da mesma maneira que nos ensinou Jesus. Também tenho refletido que, como cristã, sou chamada a tornar presente o Reino de Deus. Como? A resposta é a mesma: amando o outro.

Esse percurso eu o vivo como um caminho de trabalho pessoal, escutando a Palavra e na oração contemplativa, mantendo-me em atitude de espera em Deus. Necessito também caminhar em comunidade, pois os irmãos de caminho são um modelo, um espelho, como Moisés e os Profetas, que me ajudam a não me perder e por quem me sinto amada. Tenho vivido o compromisso público como uma oportunidade, com naturalidade, um passo a mais


Província Mediterránea

Serviço para os demais

José Mª Albalá  – Córdoba, Espanha

Quem nunca pensou em algum momento da vida que seguimos como motos? Que levamos um ritmo de vida tão intenso que deveria ser frequente em nosso dia a dia aquelas paradas para pensarmos se nossos passos vão no caminho correto.
Essa é a proposta para mim… parece egoísta… Sim, para mim. Porém, é tudo ao contrário. Trata-se de um processo que está me obrigando a parar em vários momentos da minha vida para interiorizar e refletir se meu dia a dia está seguindo em direção ao serviço aos demais.

Esse itinerário está tocando todos os âmbitos de minha vida e transformando-os: minha espiritualidade, minha vocação, minha missão e fraternidade. Na verdade, isso não está sendo fácil; está me questionando, e isso é bom. Está me fazendo mais forte. Mas, sobretudo, está me aproximando mais de Deus e, consequentemente, dos demais, meus irmãos, meu próximo. Tenho, porém, um acompanhante, que caminha ao meu lado. Alguém que me acompanha, que me escuta, que me compreende, que me anima, que confia em mim e, sobretudo, que está sendo instrumento de Deus em minha vida. Alguém que faz sentir a caminho e em comunidade.

Dou graças a Deus ao final dessas palavras para pôr em minha vida essa oportunidade de seguir crescendo como Leiga Marista. Dou graças ao Pai por colocar em minha vida esta experiência de discernimento, que me faz continuar construindo o sonho de Marcelino.

Sou Leiga Marista

María José Gimeno  – Valencia, Espanha

Sou leiga Marista: assim me apresento há muito tempo com orgulho, sabendo que minha vocação na Igreja passa por ser cristã ao serviço dos “preferidos de Deus”, do jeito de Jesus e com as marcas de Marcelino e o olhar da Boa Mãe.

Uma vez tive claro quem eu era, e tudo foi muito fácil. Dar nome ao que sinto, ao que estou chamada a ser, ao que vibra dentro de mim, me permitiram tomar decisões com base no amor e na certeza de que estou respondendo aos apelos que Deus me faz.

Estou convencida de que, se não tivesse iniciado o itinerário de discernimento vocacional com acompanhamento pessoal, talvez teria sido mais difícil. O itinerário e o acompanhamento me ajudaram a vislumbrar momentos do meu caminho que não percebia como importantes, a colocar luzes em muitas sombras e a instalar faróis onde poderei voltar a olhar quando não souber para onde ir.

O itinerário e o acompanhamento me permitiram procurar dentro de mim e encontrar momentos de quietude para discernir, para prestar atenção, para dizer que sou… leiga Marista.


Vinculação ao carisma marista na Província Ibérica

No dia 15 de outubro, em Toledo, a família marista teve uma celebração muito especial: a vinculação ao carisma marista de quatro pessoas muito queridas e significativas que, após um processo de acompanhamento e, marcada pela espera que a pandemia obrigou a suportar, puderam dizer publicamente seu sim para viver essa opção de vida, sendo cristãs ao estilo de Maria e Marcelino.

María José, Teo, Tony e Pablo já eram uma referência marista em seus arredores de Toledo, Navalmoral de la Mata e Talavera. Seu compromisso expresso na fórmula de vinculação foi assumido diante da comunidade de irmãos e leigos da Província Ibérica, quando confirmaram publicamente seu desejo de continuar sendo assim.

A celebração, preparada com carinho e atenção pela comunidade dos irmãos de Toledo, foi abrilhantada por músicos, contando com a serena emoção dos protagonistas, a proximidade do padre que presidiu a Eucaristia. A alegria deste compromisso fez com que os presentes vivessem uma experiência bela, esperançosa e inesquecível.

Os protagonistas, abaixo, falam sobre o processo que os conduziu a esse compromisso.

  • O momento do convite para a caminhada como leigo marista foi para mim um presente e uma confiança. Durante muito tempo eu já sentia e respirava o espírito da Igreja e da vida marista, mas tomar esta decisão me permitiu ser livre e sentir que estava fazendo a escolha certa para o futuro de minha vida. O acompanhamento tem sido muito positivo: aprendi a me encontrar, a rezar diariamente, refletir, ter coragem de compartilhar com meu orientador tudo o que sentia, sentimentos fortes e perguntas que me ajudaram a discernir a estrada que abracei. Recebi confiança, proximidade, capacidade de ouvir, segurança, ajudando-me a descobrir, de forma clara e concreta, o significado do caminho que quero seguir. O acompanhamento foi um dom do Espírito Santo, uma experiência importante em minha vida, que me ajudou de forma pessoal e espiritual (María José).
  • O acompanhamento tem sido uma parte fundamental e essencial do caminho para a promessa e a vinculação. Os materiais são bem pensados e fornecem a base para o acompanhamento, o que é fundamental. O momento do encontro com o acompanhante (Ir. Samuel), no início, me deixava um pouco inquieto, mas quando acontecia, eu me acalmei e comecei a conversar. O Irmão ouviu, e então surgiram sentimentos, ideias e experiências que não teriam surgido somente com os materiais. Depois vieram a indicação, o comentário, as palavras de incentivo ou esclarecimento das dúvida. Este momento foi enriquecedor, prático e me deu confiança para continuar com o itinerário e descobrir a missão e o significado da vinculação. Eu o valorizo muito positivamente (Teo).
  • Todo este processo tem sido uma bênção de Deus. Compreendi desde o começo que era uma proposta e um compromisso pessoal, que vai além do meu relacionamento e amizade com os irmãos, professores…. O acompanhamento que percorro, com Chema, tem sido fundamental. Sua escuta, comentários e conselhos, diante de minhas dúvidas e inseguranças, ajudaram a abrir o caminho.  As fichas foram um instrumento muito válido: ajudaram a refletir, rezar, aprender… até chegar o grande dia, a vinculação (Pablo).
  • Dentro deste processo que segui até chegar ao compromisso público, o que mais me ajudou foi o acompanhamento. O acompanhamento e as fichas me ajudaram a colocar minhas ideias em ordem, a canalizar meus sentimentos, a descobrir todos os componentes da minha vocação de leigo marista. O acompanhante agiu como um espelho onde pude descobrir e ver o amor de Deus e seu passo na minha vida e me permitiu compartilhar do coração o que tenho vivido, as resistências que encontrei em mim e como enfrentá-las (Tony).