Um novo começo
Partilhamos o testemunho do Ir. Frantzley Exama, do Haiti, que conta como o colégio Notre-Dame de Fatima, em Dame-Marie, conseguiu ser criativo e encontrar forças para se erguer da tragédia provocada pela passagem do furação Matthew e caminhar para um novo começo.
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O mundo marista se mostrou muito generoso e solidário conosco depois da passagem do Furação Matthew. Obrigado de coração a todos que apoiaram as comunidades e as obras maristas no Haiti. Sentimos uma comunhão fraterna que nos faz irmãos e amigos.
Aqui, em Dame-Marie, três meses depois do furação, os serviços básicos, pouco a pouco, tornam ao normal. Nossos dois colégios, Nativité e Fatima, que ainda estão em reconstrução, para a alegria dos alunos e pais, reabriram suas portas. Foram dias de trabalho intenso para fazer brilhar o sol da esperança. Durante esse tempo, experimentamos belas iniciativas locais de cooperação . Por exemplo, com o apoio da comunidade marista de Dame-Marie, os professores de Fatima decidiram criar uma horta escolar. Limpamos o terreno, capinamos e aramos a terra para semear. Criamos assim um ambiente de aprendizagem para os estudantes fora dos muros da sala de aula graças à prática concreta.
Partilhamos nossa experiência e nosso conhecimento dentro de um ambiente comunitário, em uma atmosfera de simplicidade e alegria. Preocupamo-nos com nossos alunos, nosso jardim e com o nosso país. Nossos educadores têm orgulho de partilhar suas experiências.
Depois da passagem do Furação Matthew, que devastou quatro departamentos geográficos do Haiti, em particular aquele onde vivemos, Grand’Anse, invés de nos desanimar, decidimos começar certas atividades e a prioridade foi a criação da horta escolar.
Por que uma horta?
Considerando os estrados nas plantações agrícolas e visto o problema econômico da população, a escola não podia recomeçar. Conscientes dessa situação, a equipe de professores do Colégio Nationale Congréganiste Notre-Dame de Fatima se reuniu e tomou a decisão de fazer essa horta, em 20 de outubro de 2016. Ocupando cerca de 200 m2, a horta recebeu o nome de “jardim da esperança”. Nela plantamos produtos como tomate, repolho, cenoura, pimentão e berinjela.
A nossa maior preocupação foi de não nos deixar tomar pela preguiça, pois era necessário recomeçar a trabalhar, a plantar, a reconstruir… Fazendo essa horta, demos o exemplo aos nossos alunos de saber fazer e saber ser. Ensinamos adotarem uma atitude de coragem depois da catástrofe. É necessário continuar vivendo, trabalhar para suprir as próprias necessidades.
A colheita das verduras ajudará a melhorar a alimentação das crianças na mesa escolar. Os lucros que virão serão destinados a cobrir certos gastos com atividades culturais e recreativas para os alunos.
Além dos efeitos nutricionais, consideramos também os elementos educativos, como a participação na tomada de decisão, a capacidade de assumir responsabilidades, a colaboração, a melhoria do ambiente urbano. E ainda outras lições se aprendem: observação para as ciências naturais (germinação e reprodução), matemática, ciências do ambiente.
O “jardim da esperança” é uma experiência e um instrumento de aprendizagem prática, que pode levar as crianças a reproduzir em casa a horta da escola, podendo eles mesmos produzir alimentos e ajudar o país a prosperar.
É sempre gratificante ser útil a si mesmo e aos outros. Para chegar a este ponto, é preciso ser um trabalhador comprometido a superar as dificuldades que se apresentam, superando a atitude de esperar que tudo nos seja dado. É preciso fazer um esforço pessoal antes de pedir ajuda aos outros. Os estudantes e os professores aprenderão uma grande lição com essa experiência.
O apoio de todos e os conselhos nos ajudarão a manter viva a esperança de uma colheita abundante. Produzamos juntos!
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Frantzley Exama, fms