27 de setembro de 2014 QUêNIA

II Assembleia Internacional da Missão Marista

Chegou o momento de espalhar pelo mundo a sabedoria encontrada nesta II AIMM, a riqueza do tesouro escondido e descoberto por todos. Guiados pela sabedoria do Evangelho é preciso morrer para dar vida, romper para atingir a todos. Porque se o grão do trigo, semeado na terra, não morrer, permanece infecundo; porém, se morrer, produzirá muitos frutos. Os participantes da II AIMM retornam aos caminhos do mundo para enfrentar juntos o futuro do carisma marista como desafio para ajudar a aurora a nascer de uma nova vida marista e fortalecer a que existe, tornando-a mais criativa, fiel e dinâmica. Nosso tempo é de criatividade.

 

Padre Ananzi 

Uma última narrativa se ouviu no espaço “Vozes do fogo”. É a história africana de como a sabedoria se espalhou pelo mundo. Em Camarões, vivia em tempos remotos, um homem chamado Padre Ananzi que possuía toda a sabedoria do mundo. A fama de sua sabedoria se espalhou por todo o país atingindo as regiões mais afastadas e todos iam até ele para pedir conselho e aprender com ele. No entanto, aquelas pessoas começaram a se comportar mal entre si e Ananzi se enfadou com elas. Pensou então em uma maneira de castigá-las. Após demorada e profunda meditação decidiu privá-las da sabedoria do mundo, escondendo-a em um lugar tão distante e escondido que ninguém pudesse encontrá-la. E isso ele conseguiu, colocando todos os seus segredos em um vaso e escondendo-o no alto de uma árvore. Seu filho Kweku Tsjin, porém, quando viu seu pai andar de moto tão misterioso e com tanto cuidado de um lado para o outro, pensou: “Alguma coisa importante deve ser isso que meu pai esconde”. E se propôs vigiar seus movimentos com precaução. Um dia o pai, enquanto todos dormiam, dirigiu-se a um bosque de palmeiras, escolheu a mais bela de todas e começou a subir com o vaso da sabedoria amarrado em cima de sua cabeça. Enquanto subia, o vaso que continha a sabedoria do mundo não parava de balançar. A subida era muito difícil. Seu filho Kweku Tsjin gritou: “Pai, porque não levas esse vaso valioso preso na cintura? Subir assim, com o vaso na cabeça, vai ser impossível!”. Assim que Ananzi ouviu essas palavras, olhou para baixo e disse: — “Filho, eu pensava que havia colocado toda a sabedoria do mundo neste vaso, porém não percebi que meu próprio filho me dá uma lição de sabedoria”. E decepcionado, atirou o vaso da Sabedoria contra uma pedra e ele se quebrou em mil pedaços. E, assim, toda a sabedoria do mundo se derramou, espalhando-se por todas as partes do mundo. 

 

Ajudar a aurora a nascer

O Ir. Emili começou suas palavras de encerramento desta II AIMM recordando aquela feliz intuição do Ir. Basílio nos tempos pós-conciliares quando propôs ao Instituto a tarefa de “despertar a aurora e ajudá-la a nascer”. Esta Assembleia é “um passo mais na chegada da aurora de um novo começo para o Instituto”, afirmou Ir. Emily. E acrescentou: “Esta Assembleia, especialmente pelo compromisso das pessoas aqui presentes, dará uma contribuição significativa a essa aurora de um novo dia para o Instituto”.

E com a visão colocada no horizonte ofereceu aos participantes desta Assembleia, que hoje deixam Nairóbi, “a imagem ou a parábola do pântano (‘swamp’ em inglês) para expressar para onde vamos. O espaço no qual estamos chamados a desenvolver nossa missão é semelhante a um terreno pantanoso que se coloca entre a terra e o oceano, em um lugar de marginalidade onde ninguém escolheria ficar normalmente. E se alguém está ali é porque foi excluído, e vai em busca dos que estão submersos no lodo sem possibilidade de futuro. Lugar de risco, de doença, onde não se sabe bem o que existe embaixo quando se coloca o pé na superfície. Não há caminhos abertos, mas é preciso avançar. É difícil caminhar em maio ao lodo, é preciso uma força especial para não desistir, para não se render. Ao mesmo tempo, é um lugar cheio de biodiversidade, cheio de vida. Um lugar misterioso que recorda a criação do mundo, com o Espírito movendo-se acima do caos, oferecendo a possibilidade de uma nova criação, de um novo começo.

A partir da palavra swamp (pântano), foi proposto um acróstico que recorda 5 elementos importantes para nosso caminhar: “S” de “spirituality” (espiritualidade para que, como maristas, possamos ser reconhecidos como “evangelizadores do Espírito”); “W” de “we” (nós, expressando a comunhão entre todos os maristas); “A” de “at risk” (em risco, fazendo referência à nossa missão entre as crianças e jovens em risco, assim como o convite para assumir pessoalmente riscos pelo Reino); M de “Maria” (Maria, pois temos o privilégio de levar o seu nome e porque “Ela inspira nossa maneira de ser irmãos e irmãs na Igreja”); P de “pledge” (promessa, em conexão com a promessa de Fourvière, que destaca o compromisso firme e coerente da cada um de nós).  

Ir. Emili concluiu, citando as palavras do Ir. Francis Lukong, que, em nome dos maristas do continente africano, fez a seguinte intervenção em dias anteriores: “Obrigado por virem á África, o temor não fez com que vocês ficassem em casa”. “Eu também”, disse o Ir, Emili, “permito-me repetir isso em nome do Instituto: obrigado por aceitarem o convite e assumir riscos. Intuíamos que vir África iria fazer a diferença. Hoje sabemos que foi uma decisão correta”.

Em seguida foi aberto um capítulo de gratidão à Comissão Central pelo árduo trabalho realizado; ao Conselho Geral pelo impulso dado à II AIMM, e aos próprios participantes por seu entusiasmo e eficiência. Como recordação visual projetou-se uma seleção de fotografias que ajudaram a recordar os melhores momentos vividos durante esses dias. E como referência final, o Ir. Tony Leon explicou o significado do mapa que enfeitou as paredes da sala. No começo se desenhou um mapa com os polos invertidos em relação às representações do mapa-múndi às quais estamos acostumados. Aos poucos esse mapa converteu-se na expressão de quanto se viveu na Assembleia. Vinte e nove cruzes assinalavam as vinte e uma Unidades administrativas do Instituto nas quais de acendeu o fogo da África através da Assembleia. Hoje é o mapa que todos os participantes precisam para chegar a encontrar o tesouro do carisma marista. O Ir. Tony concluiu sua intervenção convidando os participantes a colocar seus nomes na parte inferior do mapa, indicando que todos foram os autores da obra.

O gesto final desse pequeno ato de encerramento consistiu-se em recolher as assinaturas dos participantes um cartão que cada um levará como recordação.

E a manhã foi concluída com a Eucaristia de envio. Na primeira leitura foi lida a história da promessa de Fourvière. Na procissão das oferendas foram entregues cartazes, uma para cada província, distrito ou setor anunciando o início do tríduo, com o ano Montagne (2014-2015), que conduzirá o Instituto rumo à celebração do segundo centenário de sua fundação.

Depois da comunhão, o Ir. Emili procedeu ao envio dos participantes para levar a boa notícia desta Assembleia para todo o Instituto. O gesto se iniciou com a leitura da história na qual Champagnat entrega ao Ir. Jean Pièrre Martinol o pão abençoado para tomar ao longo do caminho. No entanto, o Ir. Jean Pièrre o guardou em sua bolsa para partilhá-lo com os Irmãos. Esse pão bendito é a mensagem da II AIMM que todos os participantes levarão em suas malas para partilhar com as comunidades. Junto com esse pão para ser partilhado. Os participantes receberam um prato de cerâmica feito artesanalmente por mãos de mulheres africanas. 

Encerram-se assim uma jornada de intensa fraternidade e convivência que se espalharão por todos os âmbitos do mundo marista.

Este cronista se despede agradecendo a atenção prestada às reportagens gráficas e às comunicações escritas com que tentamos dar a melhor informação deste acontecimento.

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AMEstaún, 27 de outubro

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