26 de setembro de 2014 QUêNIA

II Assembleia Internacional da Missão Marista

A nova era para o carisma marista fala-nos de uma verdadeira renovação do Instituto, uma nova maneira de ser irmão, uma nova relação entre leigos e irmãos, das maneiras novas e criativas de educar, evangelizar e defender os direitos dos crianças e jovens pobres, de novos campos de missão de fronteira, da revitalização da pastoral vocacional conjunta. Nesta nova era dançaremos com a mesma sinfonia marista em muitos lugares do mundo

 

A dança que nos une

Enquanto  esta manhã nos juntávamos para a oração, que dá início às atividades do dia, apresentou-se uma chuva suave, prenúncio da água do Espírito que cai com suavidade nos corações dos que estão reunidos à volta do Senhor. Ao ouvir  "Vozes do Fogo" explicou-se que é um poema que conta a história de Namán. Os pastores peule que conduziam os seus rebanhos tocando flautas tinham passado a noite ao redor do fogo. As chamas dançavam como abutres. Foi uma bela noite africana. Noite de dança e tambores. Namán andava na  agricultura quando de repente, uma criança a correr, trouxe esta mensagem:

"Os anciãos esperam-te debaixo da árvore da palavra!" Surpreendido com um aviso tão inesperado, Namán deixou a sua daba e dirigiu-se para a árvore da palavra. Junto dos anciãos estava um homem branco fumando cachimbo. Era um emissário que recrutava homens para a guerra. Os mais velhos disseram: " Namán, és o nosso eleito. Vai e mostra o valor dos mandingas". No dia seguinte, os tambores despediram Namán que partiu numa barca para o porto principal. E o tempo passou. Os feiticeiros consultaram as pedra e as entranhas dos animais. Algo viam, mas calavam-se. Depois de alguns meses chegou a notícia de Namán"Namán estava bem." Naquela noite, houve festa na aldeia. Passaram vários meses e chegou outra carta. Namán tinha sido feito prisioneiro. Esta notícia pesou muito sobre a aldeia. Os anciãos decidiram que Namán estava autorizado a dançar o Douga, a dança sagrada do abutre que ninguém pode dançar sem antes ter realizado uma ação importante.

Roteiro

A tarefa deste dia começa contemplando o mapa que cobre uma das paredes da sala de reunião. O Irmão Tony Leon, com a sua abordagem gráfica oferece novas intuições sobre as vias do carisma marista. Hoje é um dia chave para os trabalhos da Assembleia. A dança que une os participantes começa por imprimir um ritmo ao próprio coração. As contribuições que vão ser postas em comum são outas tantas manifestações dessa dança interior que move a gente nestes momentos.


Desafios e Oportunidades 

Estes dois temas foram trabalhados, um de manhã e outra de tarde, com a mesma metodologia. Para dar um caráter institucional à reflexão que se faz na Assembleia começa-se por partilhar e consensuar a resposta à seguinte pergunta: “Quais são os desafios e oportunidades que se apresentam ao Instituto atualmente para viver o carisma marista em 2030?” A resposta tem de se concretizar em dois ou três desafios e outras tantas oportunidades.

As considerações, tanto dos desafios como das oportunidades foram agrupadas em torno dos termos ou núcleos densos de conteúdos que foram guiando a reflexão da assembleia para conseguir a convergência das intuições. Comunhão, mística e profecia foram as palavras-chave. Num primeiro momento, reflete-se e partilha-se em pequenos grupos para dar o seu contributo de maneira que a comissão encarregada de fazer a síntese envie à assembleia um texto que recolha as intuições de todos. Depois, dedica-se um segundo  momento à reação da assembleia para usufruir das contribuições de todos. E, finalmente, procede-se à identificação das prioridades da Assembleia 

 

Desafios

Nas síntesis apresentadas à assembleia para que aponte as prioridades, considerámos os seguintes desafios: "Rever as estruturas" a todos os níveis para que respondam ao "essencial do nosso carisma" e "à realidade de irmãos e leigos." Desenvolver "relações harmoniosas", simples, abertas entre irmãos e leigos que sejam "inclusivas e respeitosas". Como partilhar e fazer uso eficiente dos recursos humanos e financeiros internacionais.

Quanto à comunhão intuem-se "novos estilos de vida comunitária", que "vivam e promovam a conversão pessoal, comunitária e institucional”. Deseja-se que se criem os "processos e estruturas necessárias" para "promover e apoiar a vocação marista, nas suas diversas expressões." Há também o objectivo de recriar o Instituto modificando as suas estruturas para desenvolver a internacionalidade, evidenciando o nosso caráter missionário. Fortalecer a dimensão contemplativa da vida, como um fundamento da comunhão e da missão.

Recriar o Instituto com "novos percursos de formação" em espiritualidade e identidade de leigos e irmãos.

Em torno do tema da mística propõem-se as seguintes considerações: "Ser presença significativa de Deus-encontro” a partir do testemunho pessoal, comunitário e institucional" "Ser uma presença significativa de Deus-encontro". Articular "planos e  projetos de formação " de maneira contínua e abrangente para os novos desafios do carisma marista. A partir das nossas "obras educativas e lugares de periferia" promover e defender os direitos das crianças como um meio de transformação social afirmando a nossa presença em "fóruns públicos", onde são promovidos os direitos das crianças.
No que diz respeito à profecia pede-se uma "opção decisiva" pelos direitos das crianças, compromisso ativo e com incidência social e política. Fala-se também de "itinerância" e disponibilidade para "ir para as peiferias e incarnar-se nelas". Suscitar  "presença transformadora" em configurações de indiferença e de "diálogo inter-religioso".



Oportunidades 

Tratando-se de oportunidades destaca-se que "estamos no mundo da educação evangelizadora", campo em que “temos experência" Há uma grande "atração do carisma", que é uma oportunidade para "levar as pessoas a Jesus." Encontramos nos nossos ambientes "uma grande abertura das pessoas à espiritualidade marista", à simplicidade, ao espírito de família, à pessoa de Marcelino e à "compaixão pelos novos Montagne". Também é uma grande oportunidade o despertar do "sentido de Igreja" que vai surgindo entre os irmãos e os leigos. O aniversário da "promessa de Fourvière" apresenta-se como elemento de "unidade dos maristas de Champagnat " perante a celebração do 200º aniversário da fundação do Instituto. O Instituto e a Igreja estão a passar por um momento em que  se valoriza a riqueza, em quantidade e qualidade, da "vocação laical", que cada vez mais está "consciente de sua identidade marista."

No campo da comunhão são uma oportunidade favorável as "diversas expressões" de "identidade e vinculação marista " que se vão suscitando. O apelo à comunhão e à "formação conjunta" entre irmãos e leigos. Constituem também uma oportunidade as experiências concretas de "novo estilo de comunidade" e de "missão na periferia", com que já conta o Instituto. Há que continuar a promover e aumentar as oportunidades nas nossas "escolas e programas de pastoral juvenil" para inspirar aos jovens o que faz a diferença no nosso mundo. Sem dúvida, é uma portunidade a utilização da tecnologia para estar presente no mundo juvenil.

Aproveitar e fortalecer as estruturas e redes que temos como Instituto Marista  afim de responder com fidelidade àqueles que são a razão da nossa missão: os  Montagne de hoje. Fortalecer as redes que conectem os Maristas com outras organizações e grupos. Abrir as portas internacionalmente aos "recursos" existentes. Aproveitando a "experiência e o potencial" de um instituto presente em 80 países, com uma rica diversidade como seja o voluntariado internacional, as comunidades internacionais, os intercâmbios educativos, e a solidariedade económica, entre outros. Aproveitar em favor da educaçãoevangelizadora a grande energia e inquietações dos jovens. Apoiar-nos na rede de espiritualidade permite aprofundar a identidade e partilhar a espiritualidade.

Para promover a dimensão mística há que aproveitar a "sede de espiritualidade" e o cultivo da "interioridade", o testemunho vivo de numerosos maristas (leigos, irmãos, jovens) que futuramente vão continuar, e o uso das novas tecnologias. Valorizar osavanços que ocorreram nas obras educativas" que já temos na "pastoral juvenil". Manter o ímpulso que vem do CMI e de FMSI. Valorizar a "evangelização através da educação" e as redes internacionais maristas presentes nos campos educativo, pastoral e no da solidariedade. Valorizar os "recursos humanos e materiais" e a "presença em diferentes culturas", além de experiência institucional e da tradição.

A atitude profética pode ser reforçada com o "protagonismo dos jovens", aproveitando a sua "criatividade e ousadia", como evangelizadores. A nossa fundação, história e reputação, a nossa imagem, presença e experiência, educando em 80 países é um potencial muito importante que tem de se por ao serviço da Igreja e do Evangelho. A presença no mundo da educação pode mudar o mundo.
Concluiu-se a dinâmica com a intervenção de cada participante que indicava as prioridades temáticas por uma etiqueta vermelha quando preferia a primeira opção, e por uma etiqueta amarela quando preferia a segunda. No álbum das fotografias podem-se ver as imagens dos painéis com a informação de por onde vão as prioridades.

 

Elaboração do documento final

Um grupo formado por quatro participantes pertencentes a América, África, Ásia-Oceania e Europa e um representante da Comissão Central vai elaborando a síntese das contribuições oferecidas durante o dia para ser recolhidas num documento final.
O dia termina com a celebração da diversidade cultural do mundo marista.

_________________
AMEstaún, 25 de setembro

ANTERIOR

Província de Compostela...

PRÓXIMO

II Assembleia Internacional da Missão Marist...