Ir. Delvino Decezero
O Ir. Delvino Decezero foi missionário marista no Distrito da Amazônia por 26 anos. No final de 2014 regressou à Província do Rio Grande do Sul. Na entrevista que segue, feita pelo Ir. Sebastião Ferrarini, ele conta a sua experiência como missionário marista.
Em que locais de trabalho o senhor atuou?
Iniciei em Benjamim Constant – AM em 1988, onde permaneci até 1998. Em 1999, meu envio foi para integrar a comunidade interprovincial de Manaus, lá ficando até 2003. De 2004 a 2005 atuei em Tarauacá, no Acre. De janeiro a abril de 2006 estive na cidade de Canutama, no vale do Rio Purus, com a finalidade de encaminhar o encerramento da Comunidade. De abril de 2006 a 2008 integrei a Comunidade de Porto Velho. De 2009 a 2011 atuei em Ji-Paraná – RO. Desde 2012 estou em Porto Velho.
Conhecemos seu intenso trabalho aqui no DMA durante todos esses anos. Qual sua motivação em vir trabalhar na Amazônia?
Na época, a Província de Porto Alegre realizava um grande e belo trabalho em duas frentes no Alto Solimões. Uma pela PUCRS: o CAMPUS AVANÇADO, a outra pelos Irmãos da Comunidade. Conheci esta realidade junto com o Ir. Inacio Etges, na parada de uma semana, ao regressar da Colômbia, aonde fomos conhecer o projeto REMAR. Dez anos depois, recebi o convite para trabalhar na Região. Não duvidei em dar meu SIM.
Em que áreas de trabalho o senhor mais atuou?
Em Benjamim Constant – AM, trabalhei em três atividades mais significativas. A principal foi: manhãs e tardes de formação, no Centro Champagnat, onde alunos de cinco Escolas da cidade participavam. Atingíamos 4 a 5 turmas por semana, digo atingíamos, porque sempre trabalhávamos em dupla de Irmãos. A Pastoral da Juventude foi outro ponto em que atuei como assessor diocesano e dos grupos da cidade. A catequese também fazia parte dos meus trabalhos, como catequista dos catequistas. Em Tabatinga, nesse período não havia Comunidades de Irmãos e Irmãs, por isso orientei muitos cursos de catequese.
Em Manaus recebi dos Provinciais, junto com um representante de cada setor das quatro Províncias que atuavam na região, o encargo de organizar a Assembleia que iria ocorrer em janeiro de 2000. Nessa
Assembleia foram eleitos um superior e dois conselheiros. Coube a mim a tarefa de Superior, e aos Irmãos João Gutemberg e Gentil Meneguzzi, a de conselheiros. Esse Conselho tinha como tarefa principal organizar o que era mais necessário para dar início ao DMA (Distrito Marista da Amazônia), que iniciaria em final de julho de 2002. Eram 10 comunidades, com 37 Irmãos.
Em Tarauacá, no Acre, a minha principal atividade apostólica foi com a Pastoral da Pessoa Idosa. Havia um grupo funcionando. Organizei mais quatro, um em cada bairro. Desempenhei o papel de assessor dos grupos. Fundamos o Conselho da Pessoa Idosa no Município.
O senhor poderia relatar um fato, algo vivido que marcou a sua vida de trabalho nesta região?
Em Benjamim Constant, nos meses de maio e novembro de cada ano, todas as noites marcava presença na Rua Marcelino Champagnat, para rezar o terço nas residências. Durante o dia, a família se encarregava de levar a imagem de Nossa Senhora para a casa seguinte e motivar os vizinhos a participarem do encontro. Isso durante nove anos. Foi uma das atividades apostólicas que me marcou muito, como também as manhãs e tardes de formação realizadas na mesma cidade durante nove anos.
Quais foram os maiores desafios que o senhor enfrentou ou teve de superar?
* Assumir a tarefa de Superior, por três anos, para coordenar o que era mais necessário para dar início ao DMA.
* Realizar o “envio anual”, que é a formação das comunidades.
* Fechar a Comunidade de Atalaia do Norte.
* Dar os primeiros passos para criar uma Comunidade de Irmãos que atendesse como “símbolo do novo”, em Rio Branco.
* Assumir a direção do CESMAR, em Porto Velho, sem estrutura adequada e com muitas necessidades.
* A incumbência de encerrar as comunidades de Canutama e Ji-Paraná.
Regressando para sua terra, o Rio Grande do Sul, o que o senhor leva como experiência marcante?
Diante da imensidão dos rios e matas da Amazônia, não posso ficar com ideais e compromissos mesquinhos, pequenos.
Outra experiência significante é ter tido a oportunidade de conviver e trabalhar com pessoas dos Estados do Amazonas, Acre e Rondônia.
Que mensagem o senhor deixaria para os que continuam sua missão na Amazônia?
Ao iniciarmos o DMA, os Irmãos pediam com insistência a abertura de uma comunidade que representasse o “símbolo do novo”. Foi criada em Rio Branco, no Acre.
A minha mensagem é que cada comunidade do DMA procure ser uma “comunidade símbolo do novo”, que coincide com a atual proposta da Congregação na celebração de seu bicentenário.
No começo do DMA foi traçado o perfil que desejávamos do Irmão Marista na Amazônia, sintetizado no texto: “Sonhos de um Curumim”. Que esse perfil não se perca, mas se torne realidade.
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Ir. Delvino Decezero
Toques do tambor amazônico 159