Carta a Marcelino

Pe. Ferreol Douillet

1834-07-17

As cartas do Pe. Douillet dirigidas ao Pe. Champagnat são em número de 8. Ele era diretor do Seminário menor na localidade Côte Saint-André. Com os seus melhores alunos fizera funcionar a escola paroquial até 1831, quando a entregou à direção dos Irmãos Maristas. A escola tornou-se importante, chegando a ter seis Irmãos na comunidade. Ao mesmo tempo, o Pe. Douillet sonhava com um noviciado de Irmãos (Escola Normal), para preparar educadores religiosos para a diocese. Tais candidatos, finalmente, serão enviados a l?Hermitage, para tornarem-se Irmãos Maristas; o Pe. Champagnat, em contrapartida, assumiu o compromisso de atender, proporcionalmente, os pedidos de novas escolas naquela Diocese. Nesta carta o Pe. Douillet dá notícias da atuação dos Irmãos e relata o caso de alguns candidatos da diocese, já enviados a l?Hermitage, ou que deveriam ir para lá.

La Côte, 17 de julho de 1834.

Senhor Superior:

Há muito tempo que desejava escrever-vos e que, sr. Superior, deveria tê-lo feito. Enfim acabamos de receber o nosso superior . Repetiu-me diversas vezes, desde a sua chegada, que não havia coisa melhor do que chamar, segundo o meu projeto, os maristas para tomar a direção da casa de La Côte. Para isto seriam suficientes dois bons Irmãos; mas, segundo a vossa última carta, não se deve mais pensar nisto, porque insinuais que a Sociedade não está bem.

Os Irmãos vão bem. O Irmão Louis continua excelente. O Irmão Ambroise, que esteve doente, melhorou. O Irmão Antonin vai indo bem desde a separação, conquanto tenha pouco espírito religioso. O Irmão Justin tem boa vontade. O pobre Irmão Joseph sente-se infeliz em ter tão pouco domínio sobre si. O Irmão Jean-Pierre deve ter-vos falado; ele deu-se conta, desculpou-se e está melhor. O prefeito de La Côte parece menos oposto aos Irmãos. Disse-me, há alguns dias, que pensa em adotar a escola dos Irmãos como escola comunal. Eu disse-lhe de novo que sempre me encontraria pronto a concorrer ao bem da comuna.

Os pais de Boiton me asseguram que o ra¬paz é do próximo recrutamento e perguntam se pensastes em pô-lo a salvo, mediante as formali¬dades requeridas. Desnecessário recomendar-vos que nada negligencieis para tirá-lo dessa situação. Os pais desejariam que ele escrevesse de quando em vez. Bonin acaba de escrever-me. Ousaria eu, sr. superior, rogar-vos que lhe dissésseis quanto fico grato à sua lembrança; espero que o nosso bom Mestre lhe dará suficiente saúde para tra¬balhar para a sua glória.

Temos aqui dez noviços. Se estais de acordo, eu os farei partir com os Irmãos; mas previno-vos que levarão pouco dinheiro, se aceitais o que pretendo fazer. Farei dar ou prometer tudo o que puder. Temos também um jovem de 18 anos que me encarrega de perguntar-vos se o quereis receber. Ele é instruído, de relativa boa saúde, pertencente a boa família e dará de boa mente os 400 francos; mas a tudo isto cumpre acrescentar que ele é aleijado e usa muletas; um acidente na infância o deixou assim. Ele gostaria muito de ir a lHermitage ou aonde o quiserdes. Acho que ele será bom professor. Se me respondeis afirmativamente, irei preparando-o aqui. Espero que não esqueçais que prometestes implantar um estabelecimento na nossa região para o dia de Todos os Santos. Há pedidos para Viriville e Sassenage, nas proximidades de Grenoble; é sua Excelência quem está dirigindo as negociações. Creio que tudo estará pronto pelo menos em uma dessas duas comunas.

Sou, com o mais profundo respeito, sr. Superior, o vosso muito humilde e obediente servidor, DOUILLET.

Edição: S. Marcelino Champagnat: Cartas recebidas. Ivo Strobino e Virgílio Balestro (org.) Ed. Champagnat, 2002

fonte: AFM 127.01

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