Carta a Marcelino

Pe. Jean-Claude Colin

1828-05-22

O texto é resposta a uma carta do Pe. Champagnat. Aceita a protelação da projetada visita do grupo de Lião, prevista para o final de abril daquele ano. Além de notícias diversas, tece elogios ao Pe. Terraillon pelas suas recentes nomeações. De fato, tendo deixado l?Hermitage em outubro de 1826, o Pe. Terraillon foi pregador de missões populares, coadjutor em paróquia do interior, pároco e, finalmente, nomeado responsável da grande paróquia de Notre-Dame, na cidade de Saint-Chamond; entretanto a saída do Pe. Terraillon de l?Hermitage, poucos meses depois daquela do Pe. Courveille, fez o Pe. Champagnat sofrer muito: ficou sozinho para o trabalho da administração e do cuidado espiritual dos Irmãos. Em três cartas o Fundador falará dessa saída do Pe. Terraillon; classifica-a, uma vez, de ?deserção? (Lettres, doc. 4, 7 e 30).

Belley, 22 de maio de 1828.

Meu caríssimo amigo:

Quanta satisfação nos proporcionou a vossa carta. Estávamos no aguardo; impacientes, já vos acusávamos de infidelidade à promessa; mas, por fim, nos dais a certeza de que vos veremos em Belley, onde poderemos abraçar-vos assim como ao honrado Pe. Séon.

Já não há lugar para ressentimentos, a paz está assegurada. Esperamo-vos a ambos para o mais breve possível. Estamos aqui todos, afora um novo missionário que, faz pouco, veio aumentar o nosso efetivo e que se ausentou por algum tempo; aliás, não o conheceis. Se puderdes, procurai vir antes da festa do Santíssimo Sacramento, porque não podemos prever o que nos caberá depois da oitava. Ademais, antes disso, encontrareis o nosso bispo que, depois, parece-me, se ausentará; eu gostaria de que o conhecêsseis.

Nada vos digo das nossas pequenas excursões na última missão: o bom Deus quis continuar a sua proteção e coroar os nossos modestos esforços com algum sucesso para a salvação das almas. Nessa ocasião contraí certa indisposição que quase durou dois meses, mas eis-me pronto para tornar a partir.

Quando vierdes a Belley, vereis a nova casa que se ergue em Bon Repos. Também encontrareis a noviça que proporcionastes à comunidade e com a qual estamos contentes. O Pe. Declas rejubila-se com a perspectiva de ver-vos; na espera, manda-vos mil saudações bem como o Pe. Pichat e o meu irmão. Os demais não têm a honra de conhecer-vos.

Escrevo-vos com certa pressa porque, nestes dias, sou professor no lugar de um dos padres que se encontra doente ou, para melhor dizer, um pouco indisposto, e quase não tenho tempo para mim.

Entre os êxitos rápidos da vossa obra apraz-me que a cruz, de tempo em tempo, também se depare; é a melhor prova do amor que Deus tem aos vossos Irmãos queridos. Dizei-lhes que estão muitas vezes presentes na minha memória, que a todos abraço e que me recomendo às suas orações.

Admiro o Pe. Terraillon; a sua ascensão foi rápida: de missionário durante o jubileu passa a vigário de cidade; em seguida, pároco no interior e, depois, de repente, é transportado ao pináculo de St. Chamond. Ele esquece os seus antigos amigos de Belley, mas em vão, porque estes o amarão sempre. Se tiverdes ocasião de vê-lo, dizei-lhe que não admiro menos o seu silêncio do que os passos rápidos na carreira das honras e que, de qualquer forma, num desses dias, ele pagará o porte de uma carta que lhe mostrará que em Belley sempre pensamos nele.

Receberemos com prazer e grande reconhecimento as retribuições de missas que nos anunciais porque, nas nossas regiões montanhosas, quase não se recebe isso. Poderíeis trazê-las na vossa vinda, se isto não vos atrapalha. Encontrei no meu breviário um pensamento piedoso do Pe. Séon, que guardo com carinho.

Abraço-vos ambos, mil vezes, nos corações de Jesus e de Maria.

Tenho a honra de ser, com estima e afeição toda particular, o vosso muito humilde e muito obediente servidor COLIN, mais novo, missionário.

Edição: S. Marcelino Champagnat: Cartas recebidas. Ivo Strobino e Virgílio Balestro (org.) Ed. Champagnat, 2002

fonte: AFM 122.03

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