Carta a Marcelino

Pe. Jean-Claude Colin

1831-08-09

A anunciada viagem do Pe. Colin a l?Hermitage, no mês de junho, não se realizou. Aqui ele prevê que será possível nos meses das férias (agosto, setembro). Para o mesmo período anuncia possível retiro para os dois grupos, em Belley: seria ocasião para confrontarem a Regra comum, para pensarem no próximo ano escolar e para planejarem a formação específica que deverá ser dada aos candidatos da Sociedade de Maria. O Pe. Terraillon, citado no final da carta, fizera parte do grupo inicial dos padres maristas e tinha estado com o Pe. Champagnat durante ano e meio, em l?Hermitage. Em novembro de 1826, quando o Pe. Champagnat mais precisava de ajuda, por causa da saída desastrosa do Pe. Courveille, ele também deixou l?Hermitage, afastando-se discretamente do projeto marista. Na ocasião desta carta, ele é pároco na Igreja de Saint-Pierre, em Saint-Chamond. Retornou mais tarde à Sociedade de Maria e chegou a ocupar o cargo de Conselheiro Geral.

Belley, 9 de agosto de 1831.

Meus caríssimos confrades:

Marcamos 400 intenções de missas por 24 soldos cada e outras 118 por 20 soldos cada, segundo a vossa última carta; prestais-nos serviço importante pelo qual vos testemunhamos o nosso reconhecimento.

Afinal aproxima-se o momento em que nos poderemos ver em lHermitage. Quanto tarda a hora de abraçar-vos todos. Como seria importuno, se tempos difíceis impedissem de novo a minha viagem. Ainda não posso precisar-vos a época, mas será quanto antes. De toda a forma, escrever-vos-ei alguns dias antes.

Recebemos ontem carta de Roma, do cardeal Macchi, antigo núncio em Paris. A carta nos alegra. Sua Eminência convida-nos a ir a Roma, para encaminharmos com zelo a nossa obra, para falarmos com Sua Santidade. O cardeal promete proteção para o êxito da empresa. A viagem, porém, não poderá realizar-se tão cedo. Temos muitas coisas que regularizar antes da comemoração de Todos os Santos. Pensamos em fazer o retiro todos juntos em Belley; para ele convidaremos, da diocese de Belley, todos os que querem agregar-se a nós e que poderiam convir-nos. Fazemos muita questão de que estejais presentes, quiçá todos, o que seria muito necessário. Em lHermitage falaremos disto.

Aspiramos a ter na nossa casa, para o próximo ano, apenas professores ligados à Sociedade. Pensamos em dar-lhe nova organização, conforme a nossa finalidade. Caso o consigamos, haverá um vice-superior que, simultaneamente, será mestre de noviços. Em caso de necessidade, não sei se algum de vós quereria entrar no magistério, desde que se obtenha a permissão de Lião.

Multipliquemos cada vez mais as orações, caríssimos confrades. As obras de Deus consolidam-se nos momentos difíceis; então, a coragem, que tem a sua força somente em Deus, torna-se mais forte, mais intrépida.

Os vossos confrades de Belley levam-vos todos no coração e vos abraçam de todo o coração, nas entranhas de Cristo.

Sou, com afeição a mais terna, o vosso todo dedicado confrade, COLIN.

P.S. Mil saudações afetuosas da minha parte ao Pe. Terraillon. Terei muito prazer em revê-lo e abraçá-lo; ainda não o considero desertor.

Edição: S. Marcelino Champagnat: Cartas recebidas. Ivo Strobino e Virgílio Balestro (org.) Ed. Champagnat, 2002

fonte: OM 233

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