Devoção de Marcelino Champagnat à Santíssima Virgem

10/08/2006

As Constituições dos Irmãos Maristas dizem: « Como a primeira comunidade em Pentecostes, reconhecemos que Maria está conosco. Sua presença nos convoca a viver a fraternidade marista e nos ajuda a compreender que formamos a comunidade de Jesus. Em torno de Maria, vamos construindo uma Igreja com rosto mariano» (Constituições 35).

Vista a festa do próximo dia 15, propomos algumas páginas da Vida do Padre Champagnat, escrita pelo Ir. João Batista, editada em 1856, que falam sobre a sua devoção à Nossa Senhora.

Pode-se afirmar que nosso amado Pai recebera desde o berço um terno amor à Santíssima Virgem, pois a mãe e a tia, ambas devotíssimas de Maria, se tinham esforçado para inspirar–lhe esta preciosa devoção e instilaram-na suavemente no seu coração, desde pequenino. Durante a juventude e enquanto permane¬ceu em casa, para honrar Maria, contentava-se em rezar algumas breves orações que lhe haviam ensinado. Mas logo que optou pela vida sacerdotal e ingressou no seminário, sua devoção à Mãe de Deus cresceu sensivelmente. Impôs-se numerosas práticas para merecer-lhe a proteção e testemunhar-lhe todo o afeto. Resolveu, então, rezar diariamente o terço, hábito que manteve fielmente durante toda a vida. Gostava de fazer freqüentes visitas a Nossa Senhora. Foi no decorrer dos prolongados colóquios com ela, junto a seus altares, que teve a intuição de que Deus o chamava para santificar-se e trabalhar na santificação do próximo mediante devoção especialíssima à Mãe de Deus. Vem de então o seu lema: Tudo a Jesus por Maria, tudo a Maria para Jesus, lema que lhe norteou o espírito e lhe foi norma de conduta a vida toda.
Considerando Maria sua Mãe e caminho para chegar a Jesus, colocou sob a proteção dela os estudos, a vocação e todos os projetos. Cada dia consagrava-se a ela e lhe oferecia todas ações, para que se dignasse apresentá-las ao Divino Filho. Numa das freqüentes visitas a Nossa Senhora, nasceu-lhe a idéia de fundar uma congregação de religiosos voltados para o ensino e dar-lhes o nome daquela que fora inspiradora do projeto. Sentindo atrativo especial para honrar a Santíssima Virgem, e julgando os outros por si mesmo, achou que o nome de Maria seria suficiente para trazer vocações è congregação sonhada. Não se enganou. Fiel ao compromisso de se dirigir sempre a Jesus por Maria, ao deixar o seminário maior após receber as ordens sacras, subiu a Four¬vières para consagrar seu ministério à Mãe do Senhor. E toda vez que precisava voltar a Lião, ia renovar a consagração e o projeto aos pés de Maria, no santuário de Fourvières. Nomeado coadjutor em La Valia, viajou num sábado e quis iniciar o ministério sacerdotal no dia da Assunção, para que Maria lhe abençoasse as primícias e as apresentasse pessoalmente ao Divino Filho.
Assim procedeu a vida inteira, oferecendo e confiando à Virgem Maria todos os projetos e obras. Nada começava sem antes ter demoradamente pedido que ela abençoasse tudo. Diariamente, quando visitava o Santíssimo, prestava também sua homenagem à Virgem Santíssima. Como se isso não bastasse para satisfazer sua devoção, ergueu no quarto um altarzinho, com a imagem da Virgem, e aí, em todas as horas do dia, dirigia-lhe fervorosas preces, permanecendo até muito tempo prostrado a seus pés. Percebendo que, na igreja paroquial, o altar dedicado a Maria se encontrava em mau estado, mandou fazer um novo às próprias custas e mandou reformar toda a capela. Na paróquia de Lavalla, a pouca distancia da aldeia, encontra-se um santuário dedicado à Virgem Santíssima, sob o nome de Nossa Senhora da Piedade.
O bom Padre o visitava com freqüência, e várias vezes por semana ía lá em procissão, com alguns fiéis, para celebrar o santo sacrifício da missa. Na ida cantava-se o Miserere e na volta, a ladainha de Nossa Senhora.
No primeiro ano de coadjutor, introduziu na igreja paroquial a piedosa prática do mês de Maria, ainda pouco difundido na época, mas que devia, poucos anos depois, produzir frutos de salvação em toda a França e no mundo inteiro. Pessoalmente fazia esse exercício todas as manhãs, antes da missa. Distribuiu na paróquia inúmeros exemplares do livrinho intitulado ?Mês de Maria? e outras obras próprias a propagar a devoção à augusta Mãe de Deus. Desta forma, em breve tempo as práticas do Mês de Maria realizavam-se em todos os lugarejos da paróquia. Cada família organizou também seu oratório, onde, à tarde, se reunia para implorar a proteção da Rainha do céu, cantar seus louvores e meditar seus privilégios e favores.
Após a fundação do Instituto, o Mês de Maria passou a ser exercício comunitário. Prescreveu-o nas escolas por um artigo de Regra, assim redigido: ?Todos os Irmãos tomarão a peito celebrar carinhosamente o Mês de Maria e levarão os alunos a fazer o mesmo com alegria e devoção?.

(Vida do Padre Champagnat, pp 313-315)

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