12 de dezembro de 2007 VATICANO

Criar uma atitude ativa de solidariedade

Entre os dias 30 de novembro e 2 de dezembro, oitenta e sete ONGs de inspiração católica participaram de um forum organizado pela Secretaria de Estado do Vaticano. Todas as ONGs têm o compromisso de trabalhar em favor da dignidade da pessoa humana, na comunidade das nações. O encontro serviu de espaço interativo, em que os participantes puderam compartilhar experiências, prioridades e desafios.

No grupo de ONGs havia movimentos de ação católica, organizações de ajuda humanitária, associações vinculadas a movimentos do laicato católico e entidades organizadas por congregações religiosas. A recente Fundação de Solidariedade Marista Internacional (FMS International), que substitui o BIS, foi uma das ONGs convidadas ao forum.

Kevin Ahern, presidente, em término de mandato, da IMCS-Pax Romana e membro da equipe que preparou a reunião, comentava: ?Nossas organizações estão entre as mais ativas; são ONGs efetivas, de credibilidade, que trabalham em âmbitos intergovernamentais, com iniciativas em torno a temas atuais, de capital importância, tais como a família, a educação, o desenvolvimento, a cultura juvenil, a AIDS, os movimentos migratórios, o emprego e a paz?.
No segundo dia, durante a audiência particular com o Papa Bento XVI, o Sr. Ahern aludiu, em sua saudação, à tríplice ação dessas ONGs, no contexto mundial: ?Em primeiro lugar, desempenhamos um papel de defesa, fazendo chegar a diversos organismos a experiência, a voz e o conhecimento de nossos membros e das pessoas que servimos. Mediante um trabalho direto, nas oficinas correspondentes, e com suas intervenções, as ONGs católicas têm conseguido introduzir os valores cristãos, nos acordos internacionais. Em segundo lugar, ajudamos a formar a consciência cristã, pela educação de nossos membros, em questões referentes à toda a família humana, levando-os a empenharem-se em ações de amor, de caridade e justiça. Por fim, ajudamos a inculcar em todos os nossos associados um profundo sentido de solidariedade.?

Dando as boas-vindas aos participantes, o Santo Padre manifestou sua gratidão e seu apreço pelo trabalho que as ONGs católicas realizam, em ?colaboração ativa com a representação pontifícia das organizações internacionais?. Disse ainda o Papa que, apesar dos contextos diferentes, os delegados partilham uma mesma ?paixão pela promoção da dignidade humana. Essa paixão inspirou, constantemente, a atividade da Santa Sé, na comunidade internacional?. Lembrou que um dos objetivos do encontro era o de ?animar o espírito de cooperação? entre as organizações presentes, de modo que essa cooperação sirva para aumentar ?a eficácia da comum atividade, em prol do bem integral das pessoas, individualmente, e da inteira humanidade, em sentido geral?.

No fim do segundo dia de trabalho, advertia-se claramente que não seria fácil chegar a uma decisão sobre o modo de proceder. Em parte, isso é devido às dificuldades que muitos entreviram, depois dos debates desse dia. Primeiro, cada organização está firmemente preocupada com seus próprios objetivos. Isso, que pode ser um sinal positivo de compromisso sério com seu trabalho, torna mais difícil realizar programas fora desse campo prioritário, em função de algumas ações conjuntas, em que se possam implicar todas as organizações católicas, simultaneamente. Segundo, as declarações ouvidas, ao longo do forum, manifestavam a diversidade reinante, entre os participantes, com relação aos interesses e preocupações. Terceiro, na hora de partilhar em pequenos grupos lingüísticos, tornaram-se ainda mais visíveis as diferenças e, portanto, resultava mais difícil um acordo sobre o tipo de cooperação possível , em meio a tantas vozes distintas, no contexto internacional.

Finalmente, tal como parecia, foi impossível chegar a uma declaração conjunta sobre o modo de proceder. Alcançou-se, entretanto, um consenso sobre o interesse e a importância do encontro realizado, com disposição para continuar a animar o diálogo, em futuras convocações. Via-se a necessidade de prosseguir na reflexão coletiva, em torno aos grandes desafios que as ONGs católicas têm diante de si, independentemente dos objetivos concretos de cada uma. Ficou no ar um desafio, em forma de pergunta: dada a atual instabilidade do trabalho, em âmbito internacional, o que é preciso para fortalecer nossa eficácia e credibilidade, como agentes de mudança, em favor de um mundo melhor e mais justo?
Na sessão de encerramento do forum, foram feitas várias recomendações. Haverá uma equipe nova de trabalho, mais ampla, que estudará modos de atuar conjuntamente, enquanto ONGs católicas, no futuro. Nesse panorama de colaboração criativa, será preciso incluir não apenas os participantes do forum, mas também os grupos que não puderam comparecer, os que, por uma razão outra, foram esquecidos na convocação, e as organizações que estão surgindo nos países em desenvolvimento. Todos estão convidados para continuar a refletir sobre essas questões, em nível local e regional, através das estruturas organizativas já existentes, e com a liderança das ONGs mais experientes, que podem servir de referência para facilitar os encontros. Finalmente, os participantes concordaram em realizar um novo forum internacional, dentro de dois anos, para recolher as conclusões, ora conseguidas. Não será uma tarefa fácil, por certo, mas é preciso procurar consegui-lo, dando pequenos passos, para que as organizações católicas possam ter um papel relevante, na construção de um mundo em que reine a justiça e a eqüidade.

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