21 de novembro de 2011 GRéCIA

Encontro com o Patriarca Ecumênico, Bartolomeu I

O LiceuLeonino(Lycée Léonin) de Patissia e o Liceu franco-turco São Bento (Saint Benoît) estão, de agora em diante, ligados por uma amizade muito particular. Não apenas porque Irmãos da escola de Istambul vieram à Grécia e ali fundaram o núcleo das Escolas maristas, mas, sobretudo, porque já faz sete anos que ocorreu o primeiro encontro escolar em que alunos gregos e turcos têm a possibilidade de se conhecerem, mutuamente, e de gozar de uma hospitalidade sincera e cordial.

Os intercâmbios escolares com a histórica escola de Istambul não constituem, como pode parecer à primeira vista, uma simples abertura do Liceu Leonino para um país estrangeiro. Também não se trata de uma excursão recreativa, nem de uma simples procura de elementos culturais comuns aos dois povos limítrofes e que muito sofreram no passado. Os intercâmbios com o Liceu São Bento não são apenas isso. Significam muito mais: trata-se de uma viagem ao encontro de outra cultura, em busca de outros usos e costumes, de outra visão e concepção do mundo, ao encontro “desse fenômeno extraordinário de sobrevivência que é Constantinopla, não a (sobrevivência) de um Império mas de dois Impérios” (G. Séféris). É viagem para um das mais belas cidades do mundo, segundo a opinião geral, a cidade das sete colinas. É viagem para uma cidade onde nós, gregos, sentimos uma emoção intensa desde o momento em que ali pisamos. Viagem, porque nesse contato quotidiano com os alunos turcos e suas famílias, nossos alunos – na maioria dos casos – criam laços de amizade que vão acompanhá-los por toda a vida. Viagem, porque através dessa experiência descobrimos que, de fato, o que nos une é mais importante do que aquilo que nos separa. Viagem, porque em nossa memória, seja de Irmãos, seja de professores e alunos (ortodoxos ou católicos), o nosso encontro com o Patriarca Ecumênico, Bartolomeu I, permanece indelével. Sua saudação, seus conselhos e suas exortações são uma viagem.

Neste ano, pela primeira vez, o Patriarca ecumênico não nos recebeu, como de costume, na sala do Trono, em Phanar. Como ele não quisesse recusar o encontro com cada uma das oito escolas que compareceram no Patriarcado, nessa tarde de sexta-feira, Sua Santidade Bartolomeu I recebeu-nos todos juntos na capela de São Jorge, em Phanar. “Ao chegarem ao Patriarcado, eu gostaria que vocês tivessem a impressão de entrar em sua casa, que pensassem que é o pai de vocês que os acolhe, porque, aqui chegando, gostaria que soubessem que eu os recebo a todos com paternal caridade”.

O exclusivo encontro com o Patriarca Ecumênico é um acontecimento de importância primordial, porque se trata do encontro com um chefe religioso, dotado de rica personalidade e que goza do respeito tanto de muitos chefes religiosos de outros credos quanto dos turcos muçulmanos. Assim, não somente por causa de sua dignidade, mas também devido ao impacto de sua personalidade, todo discurso do primaz da Igreja Ortodoxa traduz uma importância inegável.

Sob esse ponto de vista, o simples fato de Sua Santidade Bartolomeu I ter consagrado cinco minutos de seu discurso (de 20 minutos) ao Liceu Leonino de Patissia, constituiu um privilégio e uma grande honra. Em seu discurso, o Patriarca Ecumênico fez longa referência ao prestígio, à irradiação do Liceu Leonino, louvando ao mesmo tempo sua história e a presença discreta dos Irmãos Maristas. Mencionou particularmente o Ir. Ignace Capétanios, representante dos Irmãos Maristas da Grécia, afirmando: “Gostaria de saudar especialmente o Ir. Ignace Capétanios que representa o grupo do Liceu Leonino de Patissia. Agradeço-lhe, aliás, por ter-me transmitido as saudações do outro Liceu Leonino, aquele de Néa Smyrni. O Ir. Ignace é um dos nossos visitantes mais fiéis e, enquanto bom capitão, ele carrega a responsabilidade dos dois Liceus Leoninos, desde há muito tempo. Sinto-me honrado de vê-lo vir sempre de novo, sempre cheio de respeito e de amor por este Patriarcado Ecumênico”.

O Patriarca Ecumênico mostrou-se em favor da unidade e concluiu seu discurso, sublinhando a quintessência da filosofia do Cristianismo: “O Ir. Ignace é católico; eu estudei durante três anos entre os católicos, com os padres Jesuítas, em Roma. No entanto, sentimo-nos próximos um do outro, porque efetivamente não há distinção – é o que lhes disse, há pouco – é preciso ver o ser humano enquanto ser humano. Pode ser que a pessoa à sua frente seja católica, muçulmana, budista ou mesmo não-crente; isso não deve, em nenhum caso, diminuir nosso respeito pelo próximo porque se trata de um ser humano pelo qual o Cristo sofreu e foi crucificado. O valor do ser humano está nisto: é por ele que Deus morreu. E repito que Deus ressuscitou no terceiro dia, porque a morte não podia reter para sempre o Criador da vida. Damos, pois, as boas-vindas tanto ao Liceu Leonino quanto às demais escolas, aos grandes e aos pequenos, neste ambiente festivo que anuncia a proximidade da Páscoa”.

Desejamos e esperamos que a tradição dos intercâmbios das duas escolas continue no futuro.

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Os professores do Liceu Leonino de Patissia:
Kapsalis Miltiadis, Mamalis Panagiotis, Katsani Eirini

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