25 de setembro de 2014 QUêNIA

II Assembleia Internacional da Missão Marista

 O que ressoa nos nossos corações?

A Assembleia se encaminha para a elaboração das suas conclusões. A árvore da Assembleia, regada e cuidada abundantemente durante estes dias, está produzindo frutos extraordinários, que deseja oferecer ao Instituto, concluindo seu encontro de Nairóbi. As propostas de trabalho de hoje estão dirigidas a esquadrinhar aquilo que se viveu nos dias passados. E, a partir da experiência de vida realizada em terras africanas, fazer brotar toda a sabedoria que existe no substrato dos corações dos participantes. Por isso o ambiente que dominou o dia foi de silêncio, de retiro, repassando com olhar contemplativo tudo o que se viveu. Um olhar contemplativo é o que alcança a profundidade da realidade; que sabe “ver” além da superfície, do primeiro plano, percebendo a vida, sua força, seu valor, sua bondade e sua beleza.

 

A chegada do tambor da África

No espaço “vozes do fogo”, escutou-se um conto popular da Guiné Bissau, no qual se diz que os monos de nariz branco decidiram ir até à lua, porque era muito bonita e branca como seus narizes. Para realizar o objetivo, subiram um sobre o outro, até que o último conseguiu tocar a lua. Os que estavam embaixo se cansaram e a torre desabou. Todavia, aquele que havia tocado a lua ficou agarrado a ela pela cauda. A lua olhou para ele espantada. Viu que era simpático e lhe deu de presente um tambor. Quando aprendeu a tocar o instrumento, a lua o devolveu para a terra, fazendo-o descer por uma corda, com uma recomendação: não toques o tambor antes de ter chegado no chão. Naquele momento vou cortar a corda, disse a lua. Aconteceu, porém, que o mono se emocionou e tocou o tambor antes de colocar os pés por terra. A lua, que escutou o toque do tambor, cortou a corta e o mono de nariz branco precipitou contra a terra, ficando muito machucado. Uma mulher encontrou o momo moribundo, mas que ainda teve forças para contar-lhe a história do tambor e dar-lhe de presente. Foi assim que o tambor chegou até a África e foram feitos muitos tambores. São tocados quando as pessoas estão contentes e também quando estão tristes. Tocam em festas e para se comunicarem de longe. A lua escuta o batuque, compadecida, e se lembra, com ternura, do mono com nariz branco que foi o primeiro que viajou até a lua.

 

Motivação para o retiro

O Ir. Eugène Kabambuka convidou os participantes a escutar o que diz o coração quando contemplam o presente do carisma marista. Champagnat percebeu em si “a sensibilidade em relação à ignorância” e uma “espiritualidade” que fez com que ele “se apaixonasse por Cristo”. Encontrou também nesse presente o “dom da fraternidade”. A África expressa esse dom com a palavra “ubuntu”, que quer dizer “sou porque somos”. O Conselheiro geral lembrou ainda que em Bomas, onde os participantes da Assembleia assistiram a uma apresentação de acrobacias, os acrobatas puderam fazer tal exibição porque cada um deles era importante para o outro. Um provérbio africano recorda a importância da comunidade: “se atravessas o rio junto com uma multidão, o crocodilo não te morderá”.

Para o tempo de trabalho individual cada participante recebeu algumas perguntas que questionam sua atitude pessoal: de acordo com os teus sentimentos, o que é mais importante para o futuro? O que alimenta tuas respostas? E para situar a perspectiva institucional, colocou-se a seguinte questão, com o olhar em direção ao futuro: como vislumbras as expressões do carisma marista em 2030? O trabalho concreto consistiu em definir três elementos ou aspectos dessas expressões. 

Para responder a essas perguntas se fez uso do “caderno da rota marista”, onde cada dia se colocava a síntese da vivencia pessoal e as contribuições feitas nos grupos.

A tarde começou com um momento dedicado à contemplação de Maria na sua visitação à prima Isabel. Foram propostos diferentes quadros que mostram o momento do encontro de Maria com sua prima, enquanto se escutava uma melodia que repetia o Magnificat.

 

Expressões do carisma marista

O espaço “diálogos em volta do fogo” foi feito nas pequenas comunidades. Na oração foram partilhadas as possíveis expressões do carisma marista em 2030, que foram trabalhadas pessoalmente pela manhã. As expressões do carisma marista foram vistas sob diversas perspectivas. Uma primeira intuição se polarizou sobre o estilo de vida e o testemunho e vê a expressão do carisma marista através de uma “grande família carismática dentro da Igreja”, formada por “uma rede de grupos ou células” com “diversas expressões de comunidades maristas”, “significativas e multiculturais”, que “compartem espiritualidade, vida e missão” e “onde a dimensão leiga está consolidada”. Essas comunidades maristas, abertas à diversidade de expressões, integradas por pessoas “proféticas e místicas”, terão que dar “testemunho de profecia da fraternidade” e “despertar, cuidar e acompanhar a vocação marista”.

Outras expressões focalizaram  a constituição da estrutura e falam em “criar um modelo de tenda mais amplo”, uma “nova tenda”, com “estruturas que incluam todas as vocações maristas” e na qual “todos que se identificam como maristas sejam reconhecidos e respeitados”.

Existe uma terceira perspectiva que vê o carisma marista a partir da projeção e da presença. Por isso se fala em “potenciar a cultura solidária e as redes de voluntariado”. E propõe “promover, em cada região, comunidades móveis, internacionais, mistas”; fomentar a “disponibilidade global”, a “internacionalidade missionária”, que manifeste uma “presença encarnada nas periferias nacionais e internacionais”. E sublinha especialmente que Irmãos e leigos “comprometidos com a solidariedade e a justiça” defendam publicamente os direitos das crianças e adolescentes” em “instâncias sociais e políticas”.

 

Seleção das prioridades

No plenário se escutou a síntese das contribuições dos grupos cujos interesses se polarizaram em torno de algumas palavras chave: internacionalidade, mística-espiritualidade, jovens, missão educativa, vocação, periferia, comunhão, comunidades e direitos das crianças. A cada participante foram entregues dois adesivos, um vermelho (primeira prioridade) e outro amarelo (segunda prioridade). Em poucos minutos, cada um colocou os dois adesivos em um painel preparado para a ocasião, manifestando visualmente as preferências pessoais. Com essa dinâmica de síntese, foram definidos os núcleos que serão trabalhos posteriormente para a elaboração do documento final da Assembleia.

 

Missa e conclusão da jornada

Reunidos em torno da mesma mesa, concluiu-se esse intenso dia, agradecendo ao Senhor todos os sentimentos e emoções que levantou nos corações dos participantes e, ao mesmo tempo, pedindo a ajuda do Espírito Santo para despertar o nascimento de uma nova época para o carisma marista.

Termina a janta, houve a noite festiva “da Europa e África”, com exibição de algumas expressões culturais, culinárias e folclóricas. 

Para terminar, o Irmão Francis Lukong, presidente da Conferência dos Provinciais da África, agradeceu de forma muito especial aos organizadores por terem escolhido e confirmado o continente africano para celebrar a Assembleia.

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AMEstaún, 24 de setembro

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